Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

ZPEs entram no radar da Anatel para expansão das redes móveis privativas

As Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) entraram no foco da estratégia regulatória da Anatel para impulsionar a digitalização de portos, indústrias e centros logísticos com redes privativas baseadas em 5G. A avaliação foi feita por Vinícius Caram, superintendente de Outorgas e Recursos à Prestação da agência, durante apresentação nesta quinta-feira, 26, no MPN Forum, organizado pelo site Mobile Time, em São Paulo.

As ZPEs são áreas industriais com incentivos fiscais e administrativos voltados à exportação, com regimes especiais previstos por lei. Segundo Caram, a integração entre benefícios fiscais e estímulos à infraestrutura digital abre caminho para a instalação de redes privativas de alta performance, com potencial de atrair data centers, soluções de edge computing, automação e controle logístico.

“Você monta a sua rede, tem incentivos tributários para fazer digitalização nesses portos, postos, aeroportos, estocagem e áreas de processamento de dados”, explicou Caram.

Entre os exemplos citados estão ZPEs como Pecém (CE), Parnaíba (PI) e Rio Grande (RS), que já contam com infraestrutura de exportação e podem se beneficiar da conectividade industrial de quinta geração – 5G.

Ele também defendeu o alinhamento das ZPEs com a Política Nacional de Data Centers e com as estratégias estaduais de digitalização, como forma de atrair investimentos privados e acelerar a transformação digital da cadeia exportadora brasileira.

Redes privativas ganham tração entre indústrias e operadoras
Enquanto isso, a instalação de redes privativas Brasil afora vem crescendo. Caram relatou que a Anatel recebeu 36 pedidos de autorização para uso da faixa de 3,7 GHz, número que considera positivo diante do ritmo inicial das outorgas. Ele afirmou que operadoras e integradores vêm ampliando o foco no B2B e enxergando as faixas licenciadas como alternativa para atender clientes industriais.

Além da faixa de 3,7 GHz, outras bandas como 2,3 GHz e 2,5 GHz também vêm sendo usadas por empresas para cobrir ambientes industriais e logísticos, como portos e aeroportos. A densidade de cobertura nesses locais, segundo Caram, favorece a adoção de redes privativas mesmo em caráter secundário.

Além da conectividade, o modelo defendido pela Anatel inclui adoção de arquitetura de segurança baseada em Zero Trust e soluções de computação em borda (edge computing). A ideia é garantir que os dados industriais e sensíveis trafeguem em redes isoladas da internet pública, com monitoramento em tempo real e autenticação contínua.

Caram explicou que essa abordagem é fundamental para aplicações críticas em automação, mineração, veículos autônomos e segurança industrial.

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