ZPEs entram no radar da Anatel para expansão das redes móveis privativas
As Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) entraram no foco da estratégia regulatória da Anatel para impulsionar a digitalização de portos, indústrias e centros logísticos com redes privativas baseadas em 5G. A avaliação foi feita por Vinícius Caram, superintendente de Outorgas e Recursos à Prestação da agência, durante apresentação nesta quinta-feira, 26, no MPN Forum, organizado pelo site Mobile Time, em São Paulo.
As ZPEs são áreas industriais com incentivos fiscais e administrativos voltados à exportação, com regimes especiais previstos por lei. Segundo Caram, a integração entre benefícios fiscais e estímulos à infraestrutura digital abre caminho para a instalação de redes privativas de alta performance, com potencial de atrair data centers, soluções de edge computing, automação e controle logístico.
“Você monta a sua rede, tem incentivos tributários para fazer digitalização nesses portos, postos, aeroportos, estocagem e áreas de processamento de dados”, explicou Caram.
Entre os exemplos citados estão ZPEs como Pecém (CE), Parnaíba (PI) e Rio Grande (RS), que já contam com infraestrutura de exportação e podem se beneficiar da conectividade industrial de quinta geração – 5G.
Ele também defendeu o alinhamento das ZPEs com a Política Nacional de Data Centers e com as estratégias estaduais de digitalização, como forma de atrair investimentos privados e acelerar a transformação digital da cadeia exportadora brasileira.
Redes privativas ganham tração entre indústrias e operadoras
Enquanto isso, a instalação de redes privativas Brasil afora vem crescendo. Caram relatou que a Anatel recebeu 36 pedidos de autorização para uso da faixa de 3,7 GHz, número que considera positivo diante do ritmo inicial das outorgas. Ele afirmou que operadoras e integradores vêm ampliando o foco no B2B e enxergando as faixas licenciadas como alternativa para atender clientes industriais.
Além da faixa de 3,7 GHz, outras bandas como 2,3 GHz e 2,5 GHz também vêm sendo usadas por empresas para cobrir ambientes industriais e logísticos, como portos e aeroportos. A densidade de cobertura nesses locais, segundo Caram, favorece a adoção de redes privativas mesmo em caráter secundário.
Além da conectividade, o modelo defendido pela Anatel inclui adoção de arquitetura de segurança baseada em Zero Trust e soluções de computação em borda (edge computing). A ideia é garantir que os dados industriais e sensíveis trafeguem em redes isoladas da internet pública, com monitoramento em tempo real e autenticação contínua.
Caram explicou que essa abordagem é fundamental para aplicações críticas em automação, mineração, veículos autônomos e segurança industrial.