Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

Vivo vai pagar quase R$ 1 bilhão a menos para retomar FiBrasil

Para comprar mais 50% de participação na FiBrasil e, assim, assumir o controle da empresa de rede neutra, a Telefônica Brasil, dona da Vivo, vai pagar um valor bem menor do que o preço pelo qual vendeu participação no negócio ao grupo canadense La Caisse (anteriormente CDPQ), em 2021.

A diferença, a favor do caixa da Vivo, é de R$ 950 milhões, destaca relatório do banco BTG Pactual, divulgado nesta sexta-feira, 11.

Isso porque a operadora vai pagar R$ 850 milhões para adquirir 50% das ações atualmente detidas pelo fundo canadense, totalizando a posse de 75,01% do capital (os demais 24,99% ficam com a Telefónica Infra). Em 2021, a La Caisse desembolsou R$ 1,8 bilhão para ficar com metade do capital social da empresa de rede neutra, então recém-criada pela Vivo.

Inclusive, vale notar que a FiBrasil iniciou operações em julho de 2021 com 1,6 milhão de casas passadas (imóveis que podem contratar o serviço de fibra) herdadas da Vivo e fechou 2024 com uma rede quase três vezes maior (4,6 milhões de casas passadas).

Valor total da empresa
De acordo com o BTG, a FiBrasil foi negociada a um enterprise value (EV) de R$ 2,5 bilhões e gerou R$ 301 milhões em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no ano passado. Com isso, levando em conta o acordo celebrado entre a Vivo e a La Caisse, o negócio implica um múltiplo de transação de 8,3x EV/Ebitda.

O indicador também aponta vantagem para a aquisição pela Vivo. Em 2021, a FiBrasil estava avaliada em R$ 3,6 bilhões. Com o pagamento de R$ 1,8 bilhão pela fatia de 50%, o múltiplo de transação alcançou 16,5x EV/Ebitda.

“O acordo atual de R$ 850 milhões implica um múltiplo de transação muito mais barato”, afirmam os analistas do BTG. “A Vivo está adquirindo uma rede com 15% de take-up rate [taxa de penetração de usuários], ainda relativamente baixa, que deve crescer com o tempo”, acrescentam.

Impacto nos resultados
Segundo o BTG, “a transação é muito pequena em relação ao tamanho geral da Vivo”, representando menos de 1% do valor de mercado da operadora. Desse modo, “terá um impacto limitada nas finanças consolidadas” da tele.

Atualmente, a rede da FiBrasil é usada para atender cerca de 700 mil clientes de banda larga fixa, sendo a maioria assinante do serviço da próprio Vivo.

O relatório sugere que, com uma receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) de R$ 90 por mês, a base de assinantes atendida pela rede da FiBrasil gere aproximadamente R$ 758 milhões em receita anual, montante já contabilizado na receita bruta da Vivo.

Com a hipótese de que a tele pague cerca de metade do valor do ARPU à FiBrasil, o faturamento ficaria na casa de R$ 392 milhões, em linha com os números divulgados no ano passado. Este montante entraria no balanço da Vivo como opex (despesa operacional).

Contudo, com o controle da empresa de rede neutra, a operadora teria uma economia nas despesas operacionais na ordem de R$ 250 milhões a R$ 270 milhões por ano, levando em conta os custos da consolidação, estima o relatório.

A análise ainda lembra que o capex (investimento em capital) da FiBrasil é relativamente alto (por volta de R$ 220 milhões por ano), mas não o suficiente para superar a economia que a tele terá com opex.

“Dando um passo atrás e analisando o cenário completo – os R$ 3,6 bilhões de EV que o CDPQ pagou há quatro anos versus os R$ 2,5 bilhões que a Vivo está pagando agora por uma rede com ocupação ainda baixa e com Ebitda de 8x –, isso parece uma jogada inteligente”, avalia o BTG.

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