Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

Valor 1000: CPFL Energia contou com negócios de amplo espectro para ser a campeã do setor

 Vencedora do Valor 1000 no setor de energia elétrica, a CPFL Energia, controlada pela gigante chinesa State Grid, tem crescido buscando aliar eficiência, inovação, disciplina de capital e sustentabilidade. O grupo pretende investir R$ 28,5 bilhões de 2024 a 2028 e reforçar a presença como uma das maiores holdings do setor, com ativos em distribuição, geração, transmissão e comercialização de energia. 

 Em distribuição, área na qual detém uma participação de mercado de 15%, com cerca de dez milhões de clientes, o grupo projeta uma injeção de R$ 23,4 bilhões, com intenção de ampliar a digitalização das operações e melhorar serviços. No ano passado, três distribuidoras do grupo — CPFL Paulista, CPFL Piratininga e CPFL Santa Cruz — tiveram os melhores indicadores Duração Equivalente de Interrupção (DEC) do Brasil, segundo ranking divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significa que seus consumidores registraram o maior tempo de fornecimento de eletricidade sem interrupção em suas residências, entre os clientes de todas as concessionárias do país. Os resultados são reflexo dos investimentos em maior eficiência nas redes. 

 A CPFL tem buscado investir em inovação. Uma frente prevê aplicar pelo menos R$ 580 milhões em soluções inteligentes para geração, transmissão e distribuição até 2027. Em 2023, 59,5% da energia entregue aos clientes foi atendida por rede inteligente, ante 56,3% no ano anterior. Até o fim de 2023, a empresa contava com quase 18 mil religadores automáticos instalados; o plano é chegar a 23,8 mil equipamentos desse tipo até o fim de 2027. Esses e outros equipamentos são telecomandados por meio do centro de operações e servem para identificar pontos com interrupção no fluxo de energia, realizar manobras que aceleram o restabelecimento e agilizar o deslocamento das equipes para manutenções e reparos. 

 Uma nova regulação pode criar estímulos para a inovação e a instalação de medidores inteligentes, o que tornaria os processos mais centralizados e eficientes. A possibilidade surge a partir de um decreto do governo federal com diretrizes básicas para nortear o processo de renovação dos ativos de distribuição cujos contratos vão expirar entre 2025 e 2031, o que atinge grande parte dos ativos da CPFL na área, editado no início deste semestre. A medida, que ainda precisa ser detalhada, abre possibilidade para que os investimentos possam ser reconhecidos de forma mais rápida pelo órgão regulador. 

 “Está havendo uma discussão em relação ao reconhecimento dos investimentos para a regulação porque esses equipamentos têm amortização mais rápida que os tradicionais e o custo é mais alto”, afirma o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella. Uma experiência com mais de 20 mil unidades de consumo com telemedição inteligente em Jaguariúna (SP) permitiu à companhia testar redes de comunicação, analisar o monitoramento da rede e a qualidade dos serviços. “Há uma melhora relevante em todos os aspectos, seja para quem oferece o serviço, seja para quem é atendido”, diz Estrella. 

 A digitalização tem sido também reforçada com consumidores do mercado livre, segmento que passa por expansão após a permissão para que todas as empresas ligadas à alta tensão possam escolher livremente seu fornecedor de energia elétrica. Potencialmente, mais de cem mil indústrias e comércios no Brasil estão aptos a comprar livremente nesse ambiente. 

 A CPFL reforçou sua plataforma digital para que os clientes possam adquirir diretamente pelo atendimento virtual quatro principais produtos oferecidos: contratação de energia de curto prazo, compra de crédito de carbono, compra de certificados de energia renovável e realizar o processo de migração para o mercado livre. 

 Em transmissão, a CPFL, presente na área desde 2012, está atenta a oportunidades, seja em leilões de novas linhas, seja em aquisições. Com o avanço de fontes variáveis e a complexidade da operação do sistema, a transmissão ganha ainda mais importância no escoamento de energia. Nos últimos dois anos, os leilões têm mudado de porte e movimentado mais de R$ 15 bilhões em licitações. 

 A expectativa da CPFL Transmissão é investir R$ 3,5 bilhões até 2028 em reforços e melhorias para modernização, ampliação e substituição de equipamentos. Hoje o grupo gerencia 6,4 mil quilômetros de linhas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Para garantir a disponibilidade dos ativos, possui uma estratégia de manutenção que permite a regionalização das equipes próprias e especialistas. Esses times contam com suporte de uma área de engenharia de manutenção centralizada, disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. 

 Em sustentabilidade, a companhia pretende atingir 100% do portfólio de geração de energia renovável até 2030. No segmento, este já é o foco exclusivo de investimentos desde 2010. Hoje, a empresa tem hidrelétricas (UHEs, PCHs e CGHs), usinas de biomassa, parques eólicos e energia solar que contribuem com esse perfil de emissões. 

 “Estamos estudando a viabilidade de tecnologias de hidrogênio verde para o nosso negócio”, diz Estrella. No fim de agosto, foi assinada parceria com a Mizu Cimentos, do grupo Polimix, para a implantação de uma planta de hidrogênio verde no Rio Grande do Norte. A expectativa é que a planta comece a operar em 2027, seguida por um período de monitoramento de seis meses para medir o impacto real do hidrogênio verde na redução de emissões. 

 O modelo de negócio já possui um perfil de baixas emissões e, a partir de 2025, a intenção é se tornar carbono neutro, enquanto isso a empresa mantém os esforços para minimizar os impactos negativos em relação às mudanças climáticas com a redução de 56% das emissões totais até 2030, em comparação às emissões de 2021. Paralelamente, a companhia trabalha para ajudar as empresas na tarefa de descarbonização de seus processos. Nesse contexto, por meio da CPFL Soluções, oferece créditos de carbono e certificados de energia renovável (I-RECs). 

 A companhia encerrou 2023 com receita líquida de R$ 39,7 bilhões (1% mais que no ano anterior) e lucro líquido de R$ 5,5 bilhões, um crescimento de 6,1%. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 12,8 bilhões, um aumento de 4,6% na comparação com 2022. 

 — Foto: Arte/Valor

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