Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025

Tarifaço atinge indústria brasileira e ameaça milhares de empregos

A indústria brasileira está em alerta máximo com a chegada do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, que entra em vigor no próximo dia 6 de agosto. A medida, assinada por Donald Trump, já provoca efeitos devastadores antes mesmo de começar a valer: cancelamentos de embarques, suspensão de encomendas, paralisação de produção e ameaça de demissões em massa.

Setores estratégicos como o elétrico-eletrônico, alumínio, moveleiro e calçadista começaram a contabilizar os impactos e pressionam o governo Lula por respostas rápidas e negociações diplomáticas eficazes com a Casa Branca.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) apontou que itens cruciais como transformadores para redes de energia foram excluídos da lista de isenções, o que compromete quase 30% das exportações do setor aos EUA. “A continuidade das negociações é essencial para evitar um colapso”, alerta o presidente Humberto Barbato, que também pediu ações emergenciais do governo federal e do estado de São Paulo para conter os danos.

No setor de alumínio, a situação é igualmente crítica. A Abal (Associação Brasileira do Alumínio) projeta um prejuízo de R$ 1,15 bilhão, mesmo com a alumina isenta. Produtos como bauxita, cimento aluminoso e hidróxido de alumínio foram taxados, e um terço das exportações para os EUA será atingido, segundo a entidade.
“A medida pode desorganizar toda a cadeia de abastecimento e afetar inclusive produtos não tarifados, por conta da forte integração produtiva entre os países”, afirmou a Abal.

A indústria moveleira, com polos em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, calcula perdas pesadas: 9 mil empregos em risco, fábricas já parando e exportações travadas. Móveis de madeira, carro-chefe das exportações brasileiras, ficaram de fora das isenções, enquanto móveis metálicos e plásticos foram preservados. A Abimóvel já fala em colapso sistêmico e agravamento do cenário nas regiões Norte e Nordeste.

Na cadeia de couro e calçados, a Assintecal teme perder competitividade para a China, cuja tarifa é de 30%, ante os 50% agora aplicados ao Brasil. Produtos químicos para curtumes e componentes para calçados exportados aos EUA também sofrerão impacto direto. “Mesmo com crescimento nas exportações neste ano, a nova tarifa pode inviabilizar nossa presença no mercado norte-americano”, afirmou a entidade.

Diante do cenário, as principais associações setoriais exigem ação imediata de Lula, tanto na diplomacia com Washington quanto na adoção de medidas compensatórias para preservar empregos e a competitividade nacional.

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