Sábado, 2 de Agosto de 2025

Tábuas de corte podem ficar livres de bactérias imitando pele de tubarão

Pele de tubarão inspira técnica para manter tábuas de corte livres de bactérias

As ranhuras deixadas pelas facas são os locais preferidos das bactérias.
[Imagem: iphotoklick/Pixabay]
 

Tábuas de corte

As tábuas de corte, ou tábuas de carne, são uma preferência nacional entre as donas de casa e os churrasqueiros. Mas, qualquer que seja o material de que essas tábuas são feitas – de madeira ou polipropileno a superfícies de aço inox – elas não são perfeitas porque a faca faz minúsculos cortes em sua superfície, abrindo espaço mais do que suficiente para que as bactérias se alojem.

E sobretudo as bactérias associadas à carne podem se fixar, crescer e se acumular para criar um biofilme difícil de remover, mesmo nas superfícies de aço inoxidável usadas em instalações industriais. Elas também podem se agregar, formando uma massa invisível que é mais forte do que células individuais, o que as torna mais difíceis de matar usando limpadores de superfície antibacterianos.

Assim, em vez de se preocupar em encontrar técnicas de limpeza para evitar o acúmulo de bactérias, pesquisadores neozelandeses criaram superfícies que impedem que as bactérias se fixem.

Para isso, eles foram buscar inspiração nas escamas dos tubarões, que até agora haviam servido de inspiração apenas para dispositivos hidrodinâmicos ou aerodinâmicos, como coberturas para reduzir o consumo de combustível de navios e revestimentos para drones, aviões e turbinas eólicas.

Usando lasers para gravar e alterar a superfície do material, Aswathi Soni e seus colegas do Instituto de Pesquisas Hopkirk conseguiram criar texturas em micro e nano-escalas que dificultam a fixação de células microbianas na superfície. A técnica, conhecida como texturização de superfície induzida por laser, também altera as propriedades de repelência à água do material, um fator-chave que impacta o crescimento bacteriano.

“Superfícies texturizadas a laser possuem propriedades antibacterianas porque elas interrompem fisicamente a adesão, o crescimento e a proliferação bacteriana,” explicou o professor Sebastiampillai Raymond. “Essas texturas de superfície em nanoescala e microescala imitam superfícies antimicrobianas naturais, como aquelas encontradas nas asas das cigarras e na pele dos tubarões.”

Pele de tubarão inspira técnica para manter tábuas de corte livres de bactérias

Três níveis de ampliação das estruturas imitando as texturas nas asas das cigarras e na pele dos tubarões.
[Imagem: Aswathi Soni et al. – 10.2351/7.0001535]
 

Funciona para superfícies metálicas

Os pesquisadores constataram que a técnica de texturização a laser é altamente eficaz para controlar e ajustar cuidadosamente texturas em superfícies de metal, o que a torna adequada para uso em cozinhas industriais, ambientes hospitalares e equipamentos domésticos metálicos, mas não para materiais mais macios, como madeira ou polímeros.

Na verdade, é possível criar texturas específicas projetadas em torno do formato das células bacterianas de diferentes espécies, tornando particularmente difícil para essas bactérias se fixarem à superfície. A equipe também está trabalhando no desenvolvimento de modelos de aprendizado de máquina para ajudar os fabricantes a otimizar e automatizar a texturização das superfícies a laser.

“Em comparação com algumas abordagens convencionais, a texturização de superfície a laser não introduz materiais não nativos e nem requer agentes químicos de ataque ou sensibilizadores nas superfícies tratadas,” disse Raymond. “Isso pode reduzir as barreiras para introduzir novas tecnologias em um ambiente regulamentado e elimina qualquer risco de contaminação química potencial do revestimento.”

 

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