Sustentabilidade tem de estar integrada ao negócio
Qualquer relação com a natureza, hoje, precisa ser pensada em termos de sustentabilidade. Ainda mais quando a cadeia produtiva em questão envolve fábricas que retiram e devolvem água dos rios ou precisam de uma boa quantidade de energia para funcionar.
Segundo Waldir Beira Junior, CEO da Ypê, desde a fundação do grupo, em 1950, na cidade de Amparo (SP), pelo pai dele, o meio ambiente esteve entre as prioridades da empresa. Nesta entrevista ao Estadão, como parte da série especial A Era do Clima – Rumo à COP-30, o executivo conta como as questões ambientais são tratadas no dia a dia da empresa. E, mais do que isso, diz ele, sustentabilidade não pode ser apenas um diferencial, mas também precisa fechar a conta. A seguir, os principais trechos da entrevista.
A sustentabilidade é prioridade real ou ainda uma meta dentro da Ypê?
Ela é uma prioridade absoluta e vem desde a fundação da empresa. Meu pai, Waldir Beira, fundador da Ypê, era apaixonado pela natureza – o próprio nome da empresa vem do ipê, símbolo nacional e árvore nativa da Mata Atlântica. Desde o início, essa paixão se traduziu em práticas sustentáveis. Muito antes de se falar em ESG, já cuidávamos de efluentes, processos industriais mais limpos e formulações menos agressivas. Hoje, temos produtos biodegradáveis, eliminamos o fosfato das fórmulas e reduzimos ingredientes fósseis, sempre buscando inovação e eficiência.
A preocupação ambiental está restrita às fábricas ou envolve também a cadeia produtiva de forma mais ampla? Ela é ampla. Dentro das fábricas, a partir do ano que vem, 100% da energia consumida será de fontes renováveis. Fora delas, buscamos embalagens recicladas, desenvolvemos a linha vegana Ypê Green e temos parcerias, como com a Fundação SOS Mata Atlântica, com quem já plantamos mais de 1,2 milhão de árvores. Também apoiamos o programa Observando Rios, que monitora 112 rios em 17 Estados, e somos um dos maiores patrocinadores do Mãos para o Futuro, com 250 cooperativas que trabalham com reciclagem de plásticos no País. E metade do que usamos em embalagens hoje vem de plástico reciclado. Só não é mais porque ainda não temos esse suprimento – a reciclagem, no Brasil, ainda não é capaz de dar conta de toda a demanda.
A energia renovável das fábricas virá de qual fonte? Principalmente da eólica, com um grande projeto em parceria com a Casa dos Ventos, além de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e energia solar. Toda essa energia será contratada diretamente com as geradoras e injetada na rede.
A sustentabilidade fecha a conta?
Fecha, sim. Sustentabilidade não pode ser apenas um diferencial – ela precisa estar integrada ao modelo de negócio. Se não for sustentável, não dura.