Quarta-feira, 15 de Outubro de 2025

SUS do Piauí vai utilizar 5G OpenRAN para exames remotos de imagem

O CPQD implantou uma rede privativa 5G com tecnologia Open RAN em Miguel Alves (PI) para viabilizar a realização remota de exames de ecocardiograma e ultrassonografia fetal obstétrica em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto-piloto é conduzido pela BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e pelo InovaHC, núcleo de inovação do Hospital das Clínicas da USP, com apoio da Samsung Brasil.

A rede foi instalada no município de Miguel Alves, a 117 quilômetros de Teresina, que tem cerca de 70% da população vivendo em áreas rurais. Durante os nove meses previstos de duração do piloto, profissionais locais treinados realizam os exames sob orientação remota de especialistas da BP, em São Paulo. As imagens são transmitidas em tempo real por meio da rede 5G, com baixa latência e alta capacidade de dados.

Primeira aplicação do CPQD em Open RAN para telessaúde
Esta é a primeira experiência do Centro de Competência Embrapii-CPQD em Open RAN aplicada à telessaúde. Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação do CPQD, Gustavo Correa Lima, o núcleo da rede e os equipamentos de acesso por rádio estão instalados em Miguel Alves.

“O core da rede privativa 5G e os equipamentos de acesso por rádio estão instalados em Miguel Alves. A instalação e configuração seguiram o conceito Open RAN, com componentes abertos e desagregados”, explicou Lima.

A solução utilizada no SUS empregada utiliza o C2n, desenvolvido pelo próprio CPQD. A conexão entre o município piauiense e São Paulo é feita por infraestrutura de fibra óptica de um provedor local. O Centro de Competência também avalia o desempenho da fibra em parâmetros como estabilidade e latência.

“Em testes de laboratório, também avaliamos o uso de uma conexão por satélite de baixa órbita, que se mostrou alternativa viável para locais sem fibra óptica”, acrescentou o executivo.

Redução da fila de exames
O piloto integra o projeto 5G Saúde, financiado pelo Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) e pelo Ministério das Comunicações, que busca validar soluções digitais para desafios da saúde pública, combinando 5G, IoT, IA, blockchain e internet avançada.

Em Miguel Alves, apenas quatro dos 224 municípios do Piauí contavam com ecocardiograma pelo SUS. Antes do projeto, a espera pelo exame chegava a 180 dias. Com o uso da rede 5G, o tempo médio caiu para 19 dias, com 368 exames realizados entre maio e o início de setembro. A expectativa é atingir 900 atendimentos até o fim do piloto, sendo 540 em cardiologia e 360 em saúde da mulher.

O projeto deve incorporar novos exames remotos, como diagnóstico de endometriose e colposcopia, ampliando o alcance da telessaúde pública no estado.

O CPQD destaca que o piloto demonstra o potencial do 5G e da arquitetura Open RAN em aplicações críticas e de interesse social. A iniciativa se soma a outras pesquisas conduzidas pela instituição no campo da conectividade e da inovação aplicada a cidades inteligentes, manufatura avançada e agronegócio digital. (Com assessoria de imprensa)

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