Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

Resíduos agrícolas podem se tornar as roupas do futuro

Resíduos agrícolas podem se tornar as roupas do futuro

A equipe começou trabalhando com resíduos de trigo e aveia, mas já está testando até mesmo capim.
[Imagem: Gerado por IA/Gemini]
 

Tecidos de celulose

Roupas são feitas de matérias-primas agrícolas há milênios – do algodão, principalmente. Mais recentemente tem emergido uma versão mais ambientalmente amigável, conhecida como “tecidos à base de celulose”, mas até agora eles têm sido feitos principalmente a partir da madeira.

A equipe da professora Joanna Wojtasz, da Universidade Chalmers de Tecnologia, na Suécia, acredita que há modos de fabricação ainda mais interessantes – por exemplo a partir de resíduos agrícolas que são descartados.

Usando resíduos de trigo e aveia, Wojtasz desenvolveu um método de fabricação de tecidos de celulose que é mais simples e requer menos produtos químicos do que a fabricação de celulose de origem florestal, além de poder agregar valor aos resíduos agrícolas.

Na verdade, ela testou várias opções, incluindo polpa de batata, polpa de beterraba, cascas de aveia e palha de trigo. As cascas de aveia e a palha de trigo se mostraram mais eficazes no desenvolvimento de uma polpa, chamada polpa solúvel, que é então usada na fabricação das roupas.

“Com este método […] mostramos que é possível produzir polpa têxtil a partir de certos resíduos agrícolas,” disse a pesquisadora Diana Bernin. “Este é um passo importante para a criação de têxteis a partir de resíduos, em vez de usar algodão, que não é amigo do clima, ou madeira, um material que queremos usar para tantas coisas, mas que também precisamos preservá-lo em benefício do clima.”

Resíduos agrícolas podem se tornar as roupas do futuro

Aspecto das matérias-primas (a e d) e das polpas pré-tratadas antes (b e e) e após o branqueamento (c e f). Fileira superior: casca de aveia, fileira inferior: palha de trigo.
[Imagem: Joanna Wojtasz et al. – 10.1039/D4SU00534A]
 

Versátil

A equipe usou polpação de soda como parte do processo. Isso significa que a matéria-prima, o rejeito vegetal, é fervida em soda cáustica, o que torna a fabricação mais sustentável.

“A soda cáustica não contém toxinas ou substâncias que impactam a natureza,” explicou Bernin. “A polpação com soda não funciona para fibras de madeira, portanto produzir polpa têxtil a partir de palha de trigo e casca de aveia requer menos produtos químicos do que produzir celulose de origem florestal. É também um procedimento mais simples, em parte porque não requer processamentos como trituração e descascamento. Além disso, aumenta o valor econômico da aveia e do trigo, já que as sobras de sua produção podem ser usadas como matéria-prima para a extração de celulose.”

A polpa é então usada para criar fibras, que podem entrar no processo normal da indústria têxtil, para fabricar os mais diversos tipos de tecidos. “Se pudermos usar nossa indústria já existente e ajustar seus processos, em vez de construir novas instalações de produção, já teremos percorrido um longo caminho,” concluiu Bernin.

A equipe acredita que vários outros resíduos agrícolas possam ser usados na fabricação têxtil usando o novo método – os primeiros testes, ainda em andamento, com torta de prensagem de capim está funcionando muito bem para criar a polpa solúvel.

 

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