Operadoras defendem agenda única para transformação digital no Brasil
No encerramento do Painel Telebrasil 2025, que ocorreu nesta quarta-feira, 3, em Brasília, as operadoras de telecomunicações defenderam uma agenda única e transversal de transformação digital. A ideia é garantir um norte para iniciativas de conectividade que inclua demais setores como transportes, agronegócio, saúde e educação.
“A agenda única de transformação digital do País exige um esforço brutal e uma coordenação de entidades públicas, privadas e sociedade civil”, reconheceu Ricardo Hobbs, vice-presidente de estratégia e assuntos regulatórios da Vivo. Ele participou de debate com representantes da Anatel e também da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
“A economia digital é matéria transdisciplinar, e o setor de telecomunicações não é mais um entre os setores, mas a espinha dorsal da economia moderna”, concordou Mário Girasole, vice-presidente regulatório, institucional, de relações públicas e ESG da TIM.
Hoje, algo que preocupa as operadoras é a dispersão das iniciativas de economia digital em diferentes áreas do governo. “Cada ministério tem sua própria iniciativa, e temos 14 iniciativas mais ou menos coordenadas. Precisamos imaginar em uma ideia de fundo por trás disso, em um só Plano Nacional de Inclusão Digital”, completou Girasole.
Já Hobbs, da Vivo, notou que há uma série de instrumentos utilizados no mercado de telecom – como compromissos de leilões, obrigações de fazer e recursos de fundos setoriais – que precisam ser melhor coordenados com a transformação dos setores de saúde e educação.
Integração de políticas
O setor de transportes, por sua vez, seria um exemplo onde a integração das políticas de telecom com demais verticais da economia estaria dando resultados. Procurador-geral da ANTT, Rafael Fortunato destacou a iniciativa da agência de transportes de inserir exigências de conectividade em contratos de concessão e renovação de rodovias.
Pela Anatel, o conselheiro Alexandre Freire destacou a nova política para conectividade e roaming nas rodovias, que tem sido gestada pelo Ministério das Comunicações ao lado da Anatel. Segundo ele, os trabalhos têm ocorrido a partir de diálogo intenso com o Ministério dos Transportes. “A conectividade pode construir pontes entre setores aparentemente tão distintos”, declarou Freire.
Para Girasole, da TIM, o modelo aplicado nas rodovias tem sido bem-sucedido e gerado inclusive oportunidades de negócios. Com a perspectiva de compromissos de cobertura em estradas nos próximos leilões de espectro da Anatel, a interação entre formuladores de políticas em telecom e transportes será cada vez mais importante para evitar sobreposições ou lacunas.