Domingo, 3 de Agosto de 2025

Mudança do regime de concessão para autorização na telefonia fixa pode render R$ 4,5 bi à dona da Vivo

 A migração da Telefônica Brasil, dona da Vivo, do regime de concessão para o de autorização na telefonia fixa tem potencial para gerar cerca de R$ 4,5 bilhões em ganhos para a operadora, tanto por meio da venda do cobre existente nas redes desativadas como pela alienação de imóveis não mais usados na prestação do serviço. Do total, pelas estimativas da operadora, cerca de R$ 3 bilhões viriam da venda do cobre retirado de cabos e centrais telefônicas e aproximadamente R$ 1,5 bilhão, de imóveis. 

A Telefônica firmou, em 11 de abril, contrato que encerra sua concessão de telefonia fixa, que abrangia o Estado de São Paulo. A companhia espera “destravar” esses recursos até 2028. 

 “Vamos vender cobre. Tem valor nesse cobre, que não vai ser capturado no primeiro ano. E tem um custo alto de extração desse cobre, porque nós vamos ter que desmontar centrais, migrar clientes, mas ao longo do período — isso não é VPL [valor presente líquido], mas o valor hoje desse cobre, da quantidade de cobre que a gente tinha e do custo de extração — poderia ser algo em torno de R$ 3 bilhões”, disse ao Valor o diretor-presidente da Telefônica Brasil, Christian Gebara, nesta segunda-feira (12) .

 Pelo acordo de migração assinado com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Telefônica assume o compromisso de desembolsar R$ 4,5 bilhões em investimento e manutenção de infraestrutura. “Temos agora a possibilidade de migrar clientes [conectados à rede de cabos de cobre]. Temos um grupo de 1,2 milhão de clientes nos quais vamos ter de investir e migrá-los para fibra, para dar uma alternativa para eles”, explicou Gebara. O executivo estima que cerca de 150 mil desses clientes são usuários do serviço de banda larga fixa via cabos metálicos. 

 Ainda como parte da migração de concessão para autorização, a Telefônica vai se desfazer de imóveis onde funcionavam antigas centrais telefônicas. “Temos centrais em bairros nobres da cidade de São Paulo: nos Jardins, na Bela Cintra, em Moema. Temos vários bairros nobres onde pode existir a possibilidade de desmobilização que nos poderia gerar também um adicional de R$ 1,5 bilhão”, acrescentou. “Até 2028 nós conseguimos capturar os 100%.” 

Sobre tecnologia 5G 

Não adianta colocar antena 5G num lugar onde não vamos ter clientes com ‘smartphone’ compatível

 ainda é baixa entre clientes de planos pré-pagos, reconheceu Christian Gebara. O executivo voltou a defender uma abordagem “racional” em relação aos investimentos em cobertura móvel de quinta geração, privilegiando áreas com maior concentração de usuários do serviço 5G. 

 “Hoje, menos de 25% da nossa base têm um ‘smartphone’ 5G. […] Tenho uma concentração muito maior de penetração de ‘smartphone’ [5G] nos clientes de pós-pago de valor. E uma penetração muito baixa nos clientes de pré-pago. No pré-pago, a penetração do ‘smartphone’ 5G é menos de 15%”, comparou. 

 “Então, aqui existe um tema da racionalidade do investimento. Não adianta colocar uma antena 5G num lugar onde não vamos ter clientes com ‘smartphone’ [compatível]. […] Nossa estratégia é de ter cobertura 5G onde há clientes.” 

 Dona da Vivo, a Telefônica terminou março com 519 cidades cobertas pelo seu serviço de telefonia móvel 5G, contra 700 da TIM Brasil.

 

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