Domingo, 7 de Dezembro de 2025

Mercado Cinza de Smartphones Recua 7% no Brasil: Xiaomi e Realme se Destacam nas Vendas Ilegais

As vendas de smartphones irregulares, popularmente conhecidos como mercado cinza, registraram uma queda de 7% no Brasil em 2025. O dado foi divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Este resultado é fruto de uma ação coordenada entre diversas entidades, incluindo Abinee, Anatel, Senacon, Polícia Federal, Receita Federal, Sefaz-SP e o Legislativo. A Abinee expressa insatisfação, apesar da redução, almejando a eliminação completa do mercado irregular, que afeta múltiplos setores. A pressão conjunta de vários órgãos é considerada essencial nesta batalha.

O histórico do mercado não oficial revela uma queda de 13% na participação de mercado nos últimos dois anos. A evolução da participação do mercado cinza em milhões de unidades vendidas foi a seguinte:

2025: 4,5 milhões de unidades, com 12% de participação;
2024: 7,7 milhões de unidades, com 19% de participação;
2023: 10,9 milhões de unidades, com 25% de participação;
2022: 4 milhões de unidades, com 10% de participação;
2021: 3,8 milhões de unidades, com 9% de participação.
Paralelamente, as vendas do mercado oficial alcançaram 31,9 milhões de unidades em 2025, representando um recuo de 2% comparado às 32,5 milhões de unidades comercializadas em 2024, conforme dados da consultoria IDC.

No mercado não oficial, os consumidores encontram preços mais atrativos. A Abinee destaca que o valor médio dos dispositivos irregulares aumentou de R$ 1 mil para até R$ 2,5 mil, impactando também o faturamento da indústria.

As marcas com maior presença no mercado irregular de celulares no Brasil são Xiaomi, que mantém sua liderança, e Realme, que segue de perto. Segundo a associação, as importações irregulares, frequentemente via Paraguai, ocorrem por canais externos às empresas oficiais ou distribuidores, e também por consumidores que buscam evitar impostos.

Durante coletiva de imprensa, a Abinee mencionou que marcas recém-chegadas ao Brasil, como Jovi, Oppo e Honor, já estão investindo em fabricação local.

O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, atribui a queda nas vendas de smartphones irregulares à ‘exposição sistemática do problema, somada às ações de fiscalização, comunicação e aprimoramento regulatório’, que têm gerado resultados concretos. A entrada ilegal desses dispositivos ocorre principalmente por descaminho, via fronteiras como a do Paraguai, com distribuição em marketplaces.

Barbato ressalta que, apesar do avanço significativo, a prática ainda é preocupante e demanda ações permanentes. A expectativa é que, com a continuidade dessas medidas, o índice possa recuar substancialmente já em 2026.

As ações conjuntas das entidades focam em aplicar multas às grandes empresas de comércio eletrônico, como Mercado Livre, Amazon e Magazine Luiza, que já tiveram produtos apreendidos e/ou foram multadas.

A Anatel intensificou a pressão, chegando a ameaçar bloquear a atuação de grandes empresas como Amazon e Mercado Livre, que buscaram a justiça para evitar tal medida. O principal motivo são os smartphones sem homologação para venda no país, mas que são anunciados em seus marketplaces.

Para 2026, a Abinee projeta o reforço dessas ações contra o mercado cinza. O tema permanece como uma grande preocupação para o país e, mesmo com a redução, ainda não atende plenamente às expectativas dos fabricantes do setor.

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