Mercado cinza de celulares preocupa Anatel e gera prejuízo bilionário
O mercado de celulares no Brasil enfrenta desafios significativos devido à presença do chamado mercado cinza. Este termo refere-se à comercialização de dispositivos que não passam pelos processos de homologação exigidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo a consultoria IDC, esse mercado representa cerca de 13% das vendas de celulares no país.
A Anatel, em uma tentativa de conter essa prática, recorreu à Justiça para bloquear os sites de grandes plataformas de e-commerce, como a Amazon e o Mercado Livre. A agência argumenta que muitos dos produtos vendidos nesses sites não cumprem os requisitos legais, resultando em perdas significativas para o governo e riscos potenciais para os consumidores.
Por que a Anatel busca o bloqueio de sites?
A principal razão para a Anatel buscar o bloqueio dos sites é a venda de celulares não homologados. Esses dispositivos, muitas vezes importados sem a devida autorização, podem não atender aos padrões de segurança e qualidade exigidos no Brasil. Além disso, a venda desses produtos resulta em uma perda de arrecadação fiscal significativa, estimada em até R$ 4 bilhões para o ano de 2025, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, tem sido enfático sobre a necessidade de medidas mais rigorosas para combater o mercado cinza. A pressão das fabricantes nacionais, que cumprem todas as exigências legais, também tem sido um fator importante na intensificação das ações da agência.
Como as empresas de e-commerce estão respondendo?
As plataformas de e-commerce, como o Mercado Livre e a Amazon, têm se posicionado sobre o assunto. O Mercado Livre afirmou que está em conformidade com as expectativas da Anatel desde julho de 2024, não permitindo anúncios de produtos irregulares. A empresa destacou seus esforços proativos para evitar o mau uso da plataforma.
Por outro lado, a Amazon declarou seu apoio às medidas de combate à venda de celulares não homologados. A empresa enfatizou que não comercializa produtos irregulares e que exige que todos os itens oferecidos por seus parceiros possuam as licenças necessárias. Ambas as empresas manifestaram seu compromisso em colaborar com as autoridades competentes.
Quais são os impactos do mercado cinza?
O mercado cinza de celulares não afeta apenas a arrecadação do governo, mas também traz riscos aos consumidores. Produtos não homologados podem apresentar problemas de compatibilidade com as redes locais e falhas de segurança. Além disso, a diferença de preço, que pode chegar a 40% em relação aos produtos regularizados, atrai muitos consumidores desavisados.
Outro impacto significativo é sobre as empresas que operam legalmente no Brasil. Elas enfrentam uma concorrência desleal, já que os produtos do mercado cinza não estão sujeitos aos mesmos impostos e regulamentações.
Como será o futuro do combate ao mercado cinza?
O combate ao mercado cinza de celulares no Brasil é um desafio contínuo. A colaboração entre as autoridades reguladoras, como a Anatel, e as plataformas de e-commerce é crucial para reduzir a presença desses produtos no mercado. Além disso, a conscientização dos consumidores sobre os riscos associados à compra de produtos não homologados é essencial.
À medida que as medidas regulatórias se intensificam, espera-se que o mercado cinza diminua, beneficiando tanto o governo quanto os consumidores. No entanto, a eficácia dessas ações dependerá da capacidade das autoridades de implementar e monitorar as regulamentações de forma eficaz.