Sábado, 2 de Agosto de 2025

Maior parte dos recursos para a região virá de projetos do PAC

Clima Da iniciativa privada, os principais investimentos no Nordeste virão do setor de energia renovável

Dos investimentos bilionários previstos para a Região Nordeste do País, a maior parte será público, impulsionado pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia. Ao todo, o plano destinou R$ 700 bilhões para a região. “Os investimentos públicos em infraestrutura serão um importante impulsionador do Nordeste”, afirma Lucas Assis, economista da consultoria Tendências. “Isso tudo gera um efeito em cadeia para a economia no longo prazo.”

No ano passado, ao anunciar a volta do PAC, o governo previu um investimento de cerca de R$ 1,7 trilhão em todo o País. “No caso da União, é preciso ter a capacidade de fazer boas parcerias público-privadas, porque os recursos públicos não são suficientes para bancar os projetos, e aumentar a capacidade de execução do PAC, que no passado foi muito baixa”, afirma Jorge Jatobá, economista da consultoria Ceplan.

ENERGIA.

Da iniciativa privada, os principais investimentos virão do segmento de energia renovável. Só do setor eólico, há R$ 21 bilhões de parques em construção, com capacidade para gerar 3 mil megawatts (MW). Há ainda cerca de R$ 130 bilhões de projetos outorgados (18 mil MW), mas ainda não iniciados na região, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

“A cada R$ 1 que se investe em energia você devolve para o PIB R$ 2,90. Há um efeito de cadeia produtiva para todo o País. Olhando para o Nordeste o efeito é ainda mais amplo, pois nos últimos anos o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios) cresceu 20% com a chegada dos parques eólicos”, diz a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoun.

Um dos grandes projetos da região é o Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, da Engie. Localizado nos municípios de Lajes (9,8 mil pessoas) e Pedro Avelino (6 mil pessoas), o empreendimento é formado por 14 parques eólicos e 70 aerogeradores. O projeto, de R$ 2,3 bilhões, terá capacidade instalada de 434 MW e já tem alguns aerogeradores em operação comercial desde o ano passado.

A empresa tem outro megaprojeto em construção no Nordeste. Com R$ 6 bilhões de investimentos, o Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia, poderá gerar 846 MW. O empreendimento terá 188 aerogeradores e está com 44% de obras concluídas. “O Nordeste do Brasil é um paraíso para desenvolver projetos de energia renovável”, diz o CEO da Engie no Brasil, Maurício Bähr.

Os projetos de energia solar também têm ajudado a turbinar os investimentos na região. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), no total são mais de R$ 60 bilhões em geração distribuída (aquela no telhado das casas) e geração centralizada (de grandes parques solares). Bahia, Piauí e Ceará são os Estados com maior volume de investimentos, com quase dois terços do volume total.

OUTRO SETORES.

Um setor que tem ganhado relevância no Nordeste é o de saneamento. Diante da carência dos serviços de água e esgoto, Estados e municípios da região decidiram apostar na iniciativa privada para melhorar e aumentar o atendimento da população.

Os investimentos contratados até 2026 devem somar quase R$ 66 bilhões para um prazo médio de 30 anos, em 842 municípios, de acordo com um monitoramento realizado pela Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon) com base nos dados da Radar PPP e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os principais investimentos em saneamento serão realizados em Pernambuco (quase R$ 24,8 bilhões), seguido por Maranhão (R$ 19 bilhões) e Piauí (R$ 9,9 bilhões).

Mas também há investimentos em outros setores, como o automotivo. A Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot e Citroën, Jeep e Ram), por exemplo, vai investir R$ 13 bilhões na fábrica do grupo em Goiania, no norte de Pernambuco. Esse montante faz parte do ciclo de investimento de R$ 30 bilhões para o Brasil entre 2025 e 2030.

Além da expansão da fábrica, o plano da empresa prevê a ampliação do parque de fornecedores no entorno da unidade, dos atuais 38 para mais de 100 nos próximos anos – o que tende a turbinar o PIB dos municípios da região.

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