Quarta-feira, 6 de Agosto de 2025

Logística reversa pode impulsionar reaproveitamento

 Um passo no sentido de aliar hábitos de consumo à economia circular ocorre com a criação da embalagem de café monomaterial, concebida para ser totalmente reciclável. Segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), são produzidas 3,3 bilhões de embalagens do produto por ano. Os pacotes comuns do grão são feitos em multicamadas, com plástico, papel e alumínio, combinação necessária para garantir a preservação do produto. A nova embalagem, desenvolvida pela Dow com tecnologia da Valgroup, é constituída 100% em polietileno e promete ser tão eficiente quanto a tradicional. 

 A baixa escala ainda torna a embalagem duas vezes mais cara do que a tradicional, de acordo com Marina Gomes, fundadora da torrefação Catarina Café e Amor, que será a primeira a adotar o invólucro, alavancado pela ONG Movimento Circular. 

 “O pioneirismo exige investimento. Vamos puxar a cadeia para um modelo econômico mais sustentável”, diz ela. Um QR code trará informações sobre o descarte correto e dicas para reaproveitar sobras do café. 

 Barato, prático, e nada biodegradável, o plástico é visto como um dos vilões que poluem o ambiente. Apenas 10% de sua produção anual de 460 milhões de toneladas – com possibilidade de triplicar até 2060 – é reciclada. Mas iniciativas como a plataforma Recircula Brasil, uma parceria entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial e a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), podem ajudar na reinserção do material na cadeia de produção por meio da organização da logística reversa. 

 A Recircula já rastreou 304 fornecedores de resíduos em 11 Estados e coletou 40 mil toneladas de resíduos junto a indústrias. “Queremos chegar a 300 mil toneladas ao final de 2027, mas para isso dependemos da adesão de mais indústrias, que ao se juntar à plataforma já se preparam para as regras mais rígidas que virão em breve, impondo aumento de conteúdo reciclado na produção de plásticos”, diz Paulo Teixeira, presidente da Abiplast. Hoje o país recicla o dobro da média mundial, segundo a Recircula Brasil. 

 Para Fernando Bernardes, diretor de operações da Central de Custódia, que desenvolveu a plataforma, o diferencial da iniciativa é a validação da massa reciclada. “A verificação, homologada pelo Ministério do Meio Ambiente, assegura conformidade com as diretrizes internacionais de economia circular”, afirma. 

 

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