Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2025

Indústria eletroeletrônica cresce 8% em 2025, mas produção recua e déficit externo ultrapassa US$ 41 bilhões

A indústria elétrica e eletrônica brasileira deve encerrar 2025 com faturamento de R$ 270,8 bilhões, crescimento nominal de 8% em relação a 2024. Descontada a inflação setorial projetada em 4,5%, o avanço real do setor foi de 4%. O desempenho financeiro, no entanto, não se refletiu no volume produtivo: a produção física recuou 1,4% no ano, segundo dados do IBGE agregados pela Abinee.

O resultado foi influenciado principalmente pela mudança no perfil de consumo, com maior demanda por equipamentos de informática e telefones celulares com mais recursos tecnológicos e preços mais elevados. Mesmo com o avanço da receita, as áreas elétrica e eletrônica registraram retração na produção, de 0,8% e 2%, respectivamente.

O número de empregados diretos no setor passou de 284,5 mil em dezembro de 2024 para 288 mil ao final de 2025, com geração líquida de 3,5 mil postos de trabalho. A utilização da capacidade instalada permaneceu praticamente estável ao longo do ano, em torno de 78% .

No comércio exterior, as exportações somaram US$ 7,9 bilhões, alta de 3% na comparação anual. O principal produto exportado foi o de eletrônica embarcada, com US$ 880 milhões e crescimento de 19%. Os Estados Unidos foram o principal destino, com US$ 2,1 bilhões, equivalentes a 26% do total exportado. Já as importações atingiram US$ 49,1 bilhões, também com aumento de 3%, elevando o déficit da balança comercial para US$ 41,1 bilhões, 3% acima do registrado em 2024.

Entre os segmentos, as maiores expansões reais de faturamento em 2025 ocorreram em bens de informática, com alta de 9%, telefones celulares, também com 9%, e componentes elétricos e eletrônicos, com avanço de 5%. Em volumes, o mercado de notebooks manteve estabilidade em 5,7 milhões de unidades, enquanto o de desktops recuou 3%, totalizando 2 milhões de unidades. Já o mercado de tablets cresceu 3% e alcançou 3 milhões de unidades.

O mercado oficial de smartphones chegou a 31,8 milhões de unidades em 2025, queda de 2% em relação a 2024. O mercado irregular, embora em recuo, ainda representou cerca de 4,5 milhões de aparelhos, o equivalente a 12% das vendas totais do país.

Para 2026, a Abinee projeta um cenário de crescimento mais moderado. O faturamento do setor deve atingir R$ 289 bilhões, alta nominal de 7% e real de 3%. A produção física deve voltar ao campo positivo, com crescimento estimado de 2%. O número de empregados pode chegar a 292 mil, enquanto a utilização da capacidade instalada deve recuar levemente para 77%.

Os investimentos devem se manter em torno de R$ 5 bilhões, equivalentes a 1,73% do faturamento. As exportações devem crescer 3% em 2026, enquanto as importações podem avançar 4%, ampliando o déficit externo do setor.

O relatório também aponta fatores de risco para o próximo ano, como a taxa de juros elevada, o cenário fiscal, o ambiente internacional mais restritivo e o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Apesar disso, 63% das empresas do setor projetam crescimento das vendas em 2026, 72% pretendem investir e 67% planejam contratar novos funcionários.

Compartilhe: