Indústria de eletroeletrônicos segue em expansão em Minas Gerais
A indústria de eletroeletrônicos continua crescendo no Brasil e em Minas Gerais, mesmo com o receio dos empresários em relação ao cenário nacional e global, especialmente diante das incertezas regulatórias no País e da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
No primeiro trimestre deste ano, a produção do setor brasileiro subiu 2,8% em comparação a igual intervalo de 2024. O resultado decorreu do acréscimo de 7,7% registrado pela área elétrica, visto que a eletrônica teve um recuo de 2,2%. Os dados são da pesquisa industrial da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Em Minas Gerais, o Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees) ainda está fechando os números consolidados, mas estima um incremento significativo. Entre os segmentos, a entidade observou um crescimento no elétrico, embora menor do que no Brasil, e não viu retração no eletrônico.
Demonstrando a força e a resiliência do setor, na base de associados do Sinaees, também há investimentos em ampliação fabril. Conforme o presidente da entidade, Tasso Galhano, a Data Engenharia inaugurou, em fevereiro, uma unidade no município de Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), focada na produção de transformadores. Sem revelar nomes, ele diz que outras duas empresas relevantes estão em franca expansão.
Nesse sentido, é válido dizer que, nos últimos cinco anos, a indústria de eletroeletrônicos atraiu quase R$ 5 bilhões em investimentos em Minas Gerais, segundo o governo do Estado. “No âmbito estadual, estamos muito bem aparados para crescer”, destaca Galhano.
Guerra comercial e mudanças regulatórias preocupam
Apesar do bom momento do setor eletroeletrônico, os empresários não estão isentos de preocupações. Galhano diz que a guerra comercial entre os norte-americanos e os chineses gerou uma tensão nas empresas, já que muitas dependem da China, em termos de componentes, e dos Estados Unidos, do ponto de vista da tecnologia. Ou seja, o embate, num primeiro momento, poderia não ser positivo, causando aumento de custos e de dificuldade logística.
Segundo ele, a disputa tarifária não chegou a trazer impactos para a indústria eletroeletrônica mineira, apenas sustos. O executivo ressalta que os empresários que estavam mais apreensivos já estão mais calmos após o acordo fechado entre os dois países, que concordaram em reduzir por 90 dias as “tarifas recíprocas” de importação.
Outro fator que preocupa bastante os empresários no momento, de acordo com o presidente do Sinaees, são as mudanças regulatórias. Galhano pontua que existem receios com a reforma do setor elétrico, que precisa ser bem feita, e com uma possível derrubada dos vetos presidenciais à Lei das Eólicas Offshore, permitindo o retorno de dispositivos que, por exemplo, obrigam as consumidoras a contratar parte da energia de usinas termelétricas.
Um estudo da consultoria PSR estima que a manutenção dos artigos vetados pode gerar um aumento médio de 9% na conta de luz dos brasileiros. Conforme o executivo, isso impactaria diretamente a indústria, uma vez que aumentaria o custo da energia, insumo essencial para as empresas, principalmente aquelas mais automatizadas.