Falta de acesso 5G limita crescimento de MVNOs no México
Embora o mercado de operadoras móveis virtuais (MVNOs) mexicanos tenha mostrado um crescimento constante, ele enfrenta importantes desafios estruturais ligados ao acesso tecnológico. De acordo com o “Estudo dos Operadores Móveis Virtuais no México”, publicado recentemente pelo Instituto Federal de Telecomunicações (IFT), a maioria das MVNOs ainda não conta com acesso a tecnologias como 5G, eSIM ou soluções de conectividade fixa sem fio (FWA), o que pode limitar sua capacidade de inovação e crescimento.
O estudo do IFT revela que até abril de 2024 foram contabilizados 165 MVNOs no México, dos quais 56 estavam ativos. Juntos, as MVNOs mexicanas representam 4,6% do total de linhas móveis do país, com uma base de 7,3 milhões de linhas.
Apenas cinco MVNOs concentram 87% das linhas ativas do segmento: FreedomPop com 29,3%, BAIT (19,5%), Oui (15,2%), Oxxo Cel (13,3%) e PilloFon (9,7%), o que reflete uma alta concentração entre os players mais consolidados.
No entanto, nenhum desses operadores possui espectro radioelétrico ou infraestrutura própria de rede. Todos dependem de acordos de acesso com operadores móveis com rede (MNOs, na sigla em inglês), especialmente Altán Redes, Telcel, AT&T e Telefónica. Essa condição restringe sua capacidade de oferecer serviços diferenciados ou inovadores em igualdade de condições.
Acesso limitado ao 5G
Um dos achados mais relevantes do relatório é a ausência de ofertas 5G entre os OMVs analisados. Embora alguns operadores com rede própria já tenham iniciado os lançamentos comerciais dessa tecnologia, o estudo não encontrou MVNOs que ofereçam serviços sobre redes 5G no México. A maioria delas opera apenas em redes 4G (76,6%) ou 3G (23,4%).
Além disso, os acordos no atacado não preveem o acesso das MVNOs a essa capacidade. Segundo o órgão, a falta de condições regulatórias específicas para garantir esse acesso impede que possam competir em igualdade de condições em termos de velocidade, latência e serviços avançados.
A falta de acesso ao 5G limita a possibilidade de competir em segmentos de alto valor, como serviços empresariais, IoT, jogos móveis, realidade aumentada ou veículos conectados. Conforme o IFT, algumas MVNOs relataram que estão em conversas com seus MNOs para incluir o 5G, mas não há datas ou acordos firmes definidos.
FWA não é oferecido via 5G
Quanto ao serviço FWA (Fixed Wireless Access), o estudo indica que apenas cinco MVNOs oferecem essa modalidade, representando 8,9% do total de operadores ativos no primeiro trimestre de 2025.
O FWA surge como alternativa para ampliar a cobertura da internet fixa em regiões onde o cabeamento de fibra óptica é inviável. Entretanto, sua adoção pelas MVNOs continua marginal. Essa baixa penetração se deve, em parte, aos desafios técnicos de implementação, à necessidade de dispositivos CPE compatíveis e à limitada disponibilidade de redes com capacidade para oferecer um FWA de qualidade.
Obstáculos regulatórios e tecnológicos
O estudo também analisou o uso da tecnologia eSIM, que permite aos usuários ativarem uma linha sem a necessidade de um chip físico. Apenas nove das 56 MVNOs ativas oferecem compatibilidade com eSIM, o que representa apenas 16% do total, e nenhuma em operação oferece serviços baseados exclusivamente nela.
Entre os principais desafios que as MVNOs enfrentam para oferecer essa tecnologia estão a necessidade de acordos técnicos e comerciais com suas MNOs, além dos investimentos em plataformas de gestão de perfis digitais.
O IFT reconhece que as MVNOs enfrentam barreiras para negociar condições de acesso a redes e serviços essenciais. Embora existam acordos como o da Altán Redes para fomentar a concorrência, persistem desafios em termos de disponibilidade tecnológica, prazos de implementação e modelos de negócios viáveis.
O documento também aponta que as MVNOs com acesso às redes 4G enfrentam restrições para oferecer serviços mais sofisticados, e que ainda não existe uma política clara que promova o acesso igualitário ao 5G por parte dessas operadoras.