Domingo, 3 de Agosto de 2025

Eneva quer incluir expansão de térmica em leilão

 A Eneva pretende incluir no leilão de reserva de capacidade, que será realizado no dia 30 de agosto, projeto de expansão da térmica Porto do Sergipe, de 1,6 gigawatts (GW), e mais duas termelétricas que estão em operação. O certame é visto como uma oportunidade para que usinas com contratos de energia perto do fim nos próximos anos possam negociar potência por longo prazo, assegurando receita fixa. No caso da Eneva, o projeto de expansão de Porto do Sergipe sairá do papel se vencer a licitação. 

 A Eneva tem no gás natural uma atividade-chave, com negócios na exploração e produção, comercialização e geração de energia. A companhia tem campos de gás no Maranhão (Bacia do Parnaíba) e Amazonas (Amazonas e Solimões), além das recém-compradas áreas na Bacia do Paraná, no leilão realizado no fim de 2023. No Maranhão e no Amazonas, os campos são dedicados para atender as termelétricas do grupo. 

 De acordo com o presidente da Eneva, Lino Cançado, Porto do Sergipe tem licenciamento ambiental para expandir a usina em mais 3,2 GW, de forma modular. Adquirida pela Eneva em meados de 2022 por R$ 6,1 bilhões, a usina é movida a gás natural liquefeito (GNL) e conta com um navio que armazena e regaseifica o GNL, com capacidade de fornecimento de até 21 milhões de metros cúblicos por dia (m3 /dia). A térmica consome 6 milhões de m3 /dia. 

 A existência de infraestrutura já financeiramente amortizada no local faz com que projetos de expansão sejam extremamente competitivos, avalia o executivo. “Nós temos licenciados [projetos com capacidade de] até 3,2 GW. Não significa que vamos entrar com um projeto deste tamanho, mas vamos habilitar alguns módulos. No momento do leilão, vamos decidir com quais módulos vamos disputar”, disse Cançado ao Valor.

 A Eneva é considerada por parte do mercado como um dos agentes que poderão puxar a onda de consolidação entre as petroleiras independentes, iniciada pela fusão entre a Enauta e a 3R. Porém, disse Cançado, a Eneva não vai entrar em qualquer projeto ou comprar qualquer empresa, como parte de uma corrida pelo crescimento. “Não temos ambição de sermos consolidadores por ser ou por aumentar o tamanho”, disse. Segundo ele, não interessa à empresa fazer aquisições que não vão trazer o retorno esperado ou que levariam a Eneva a assumir risco desproporcional ao valor do ativo. 

 “Por dever de ofício, temos que olhar as oportunidades que [eventualmente] existem de adquirir ativos alinhados à estratégia da companhia, que está muito associada a aumentar o acesso à molécula de gás. Dito isso, só interessam aqueles projetos onde a equação por retorno ajustado ao risco esteja dentro daquilo que os acionistas esperam”, disse Cançado. 

 E embora a empresa tenha o gás natural como prioritário como negócio, a Eneva não descarta entrar na produção de petróleo. “As operações da Eneva estão situadas em campos terrestres e caso surjam oportunidades para produzir petróleo, elas serão analisadas. A companhia tem uma estratégia primordialmente [baseada] no gás, mas não temos nenhum preconceito, até porque as competências para se explorar e produzir gás e óleo são as mesmas.” 

 Ele destacou que a Eneva poderá participar de uma rodada da oferta permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A autarquia suspendeu o último edital para revisar áreas conflitantes com regiões ambientalmente sensíveis, o que na prática inviabiliza a realização de uma sessão pública ainda neste ano. “Se tiver blocos em áreas nas quais temos conhecimento e que achamos que tem potencial, sim [entraremos].” 

 Para ele, o movimento da ANP busca dar mais segurança jurídica para quem participa das rodadas de óleo e gás. “Tudo que aumenta a segurança da empresa que adquire o direito de exploração de uma área é bom, ela vai entrar em uma área onde não deveriam ter mais questionamentos”, afirmou. 

 Cançado diz ainda que as áreas arrematadas na Bacia do Paraná estão em fase de preparação para realização de estudos sísmicos. 

 

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