Domingo, 3 de Agosto de 2025

Efeito termoelétrico observado pela primeira vez entre dois líquidos

Efeito termoelétrico observado pela primeira vez entre dois líquidos

Uma visualização esquemática em 3D das camadas de gálio (transparente nesta ilustração) e mercúrio, mostrando as correntes poloidais termoelétricas (azul) e o campo magnético (amarelo).
[Imagem: Christophe Gissinger]
 

Termoeletricidade entre líquidos

A termoeletricidade – ou efeito termoelétrico – acaba de ser observada pela primeira vez entre dois materiais em estado líquido.

Dispositivos termoelétricos convertem energia térmica, ou calor, em eletricidade e vice-versa, estando presentes em diversas tecnologias, sobretudo nas chamadas geladeiras de estado sólido.

O efeito termoelétrico é tipicamente explorado nas interfaces entre dois materiais sólidos, mas também já havia sido observado entre sólidos e líquidos – até agora, porém, nunca havia sido visto entre dois líquidos.

Marlone Vernet e seus colegas da Universidade Sorbonne, na França, idealizaram então um ambiente propício para que isso pudesse ocorrer e testaram-no no laboratório.

E deu certo.

Efeito termoelétrico observado pela primeira vez entre dois líquidos

O experimento sendo preenchido, com
 

Efeito termoelétrico turbulento

O ambiente experimental consiste em um cilindro no qual foi inserido outro cilindro menor no centro. Os pesquisadores despejaram mercúrio líquido no cilindro externo e depois derramaram gálio líquido sobre ele – o gálio flutuou porque é mais leve.

Foram então adicionados um dispositivo de resfriamento, para resfriar as paredes externas do cilindro externo, e um dispositivo de aquecimento, para aquecer as paredes do cilindro interno.

Isso resultou em um gradiente de temperatura entre os dois metais líquidos. A equipe então inseriu um fio no cilindro externo, até o local onde os dois metais se encontravam, a outra extremidade sendo conectada a um dispositivo de medição de eletricidade. O gradiente de temperatura gerou um efeito termoelétrico na interface entre o mercúrio e o gálio.

A equipe também descobriu que o efeito é turbulento, com a corrente correndo em círculos de uma parte quente do cilindro para a parte fria – testes adicionais mostraram que havia vários loops. Também há locais na interface onde nenhuma eletricidade é gerada, o que não acontece nos efeitos termoelétricos entre sólidos.

Os pesquisadores afirmam que suas descobertas podem ter implicações para o desenvolvimento de novos tipos de baterias, embora ainda não esteja claro qual é a eficiência do efeito termoelétrico entre líquidos.

a tampa superior removida.
[Imagem: Timothé Paire/CNRS]

 

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