Quarta-feira, 6 de Agosto de 2025

Cresce uso de rede privativa de 5G pelo setor produtivo

 As redes móveis privativas já caíram no gosto das grandes corporações do setor produtivo que movimentam bilhões de reais na economia em setores como o agronegócio, cimento, processamento de alimentos, manufatura, petróleo e gás e mineração. Agora, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aposta na expansão dessa modalidade de serviço com o uso de frequências certificadas internacionalmente para a quinta geração (5G), nas faixas de 2,39 gigahertz (GHz) e 3,7 GHz. 

 O superintendente de outorga da Anatel, Vinicius Caram, prevê uma nova escala de redes privativas com aproveitamento das duas frequências. Isso se dará, segundo ele, com a homologação de novos equipamentos e aplicações voltadas para colocar em prática o conceito de Indústria 4.0. 

 Por enquanto, apenas 30 empresas adquiriram licenças junto à Anatel para operar redes privativas em 2,39 GHz e 3,7 GHz. Segundo Caram, isso não quer dizer que outras não estejam utilizando o 5G para obter ganho de produtividade. Ele explica que as operadoras, que participaram do leilão de 2021, já podem oferecer serviços corporativos (B2B) com o uso das redes convencionais de 5G, dentro da linha de produção das empresas. 

 Até agora, grande parte das redes móveis privativas licenciadas no país estão relacionadas aos padrões tecnológicos mais antigos, que vão até o 4G. Vale e Petrobras são dois exemplos de companhias licenciadas pela Anatel para fazer uso de redes privativas em suas operações. A WEG, por outro lado, já tem liderado trabalhos de referência com redes privativas no padrão 5G. 

 “Com o amadurecimento da tecnologia 5G, espera-se a maior adoção de redes privativas pela indústria. É uma ferramenta útil para resolver o desafio de transportar o grande volume de dados gerado pela digitalização da indústria, também para conectar e operar de forma eficiente várias unidades de uma empresa industrial”, disse o analista de inovação e produtividade da unidade de difusão de tecnologia da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Valdênio Araújo. 

 As grandes empresas costumam recorrer à rede privativa para buscar soluções mais customizadas e apropriadas ao seu negócio. Sem depender da rede de uma operadora de telefonia, é possível contratar uma infinidade de empresas que atuam como integradoras de sistemas, especializadas em fazer escolhas de equipamentos e softwares, além de oferecer treinamento para equipes. 

 Ajuda a conectar de forma eficiente várias unidades de uma indústria”  — Valdênio Araújo 

 Sobre os atributos do 5G, o especialista da ABDI ressalta que “alta velocidade, elevada largura de banda e baixa latência possibilitam a adoção de uma ampla gama de tecnologias que suportam os modelos operacionais e de negócio da Indústria 4.0”. Para ele, esse conjunto de características é fundamental “para a sustentabilidade e competitividade da nova indústria brasileira”. 

 O potencial de crescimento econômico com os benefícios gerados pelo 5G alimentaram a expectativa de autoridades envolvidas com o tema. Quando o leilão da tecnologia foi realizado, em 2021, o governo mencionou estudos que apontavam para o incremento de US$ 1,2 trilhão em 15 anos ao PIB nacional. 

 O impacto seria sentido nas áreas de tecnologia da informação, de US$ 241 bilhões, governo (US$ 189 bilhões), manufatura (US$ 181 bilhões), serviços (US$ 152 bilhões), varejo (US$ 88 bilhões) e agricultura (US$ 76 bilhões). 

 

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