Com IA e sensores, Mitsubishi e Hitachi modernizam inspeção de energia no Japão
Fabricantes japoneses de eletrônicos, como Mitsubishi Electric e Hitachi, estão lançando serviços que detectam automaticamente falhas em infraestruturas de energia.
As inspeções de infraestrutura estão se tornando mais desafiadoras à medida que os trabalhadores da manutenção envelhecem. Tecnologias que permitem monitoramento remoto e reduzem a frequência de inspeções presenciais tornam-se cada vez mais importantes para manter o funcionamento dos sistemas.
Em abril, a Mitsubishi Electric começou a oferecer um serviço de inspeção remota de equipamentos de recepção e distribuição de energia em grandes fábricas e instalações comerciais. Por meio de sensores, o sistema detecta anomalias como vazamentos de água e envia alertas aos técnicos via smartphone, permitindo inspeções mais eficientes que partem diretamente do ponto de falha, diminuindo a necessidade de verificações manuais rotineiras.
O sistema integra e analisa dados antes segmentados entre diferentes departamentos, permitindo coletar informações de múltiplos equipamentos. A Mitsubishi Electric planeja aprimorar o serviço para prever o tempo de vida útil dos dispositivos e identificar falhas antes que ocorram, conectando dados operacionais ao sistema.
A Hitachi, referência global em sistemas de transmissão e distribuição de energia, lançou um serviço que utiliza inteligência artificial (IA) para analisar imagens de satélite e gravações de drones, identificando falhas como cabos com curvatura excessiva ou riscos de contato com vegetação próxima, que podem causar interrupções.
A tecnologia permite que a IA monitore grandes áreas da rede elétrica, reduzindo a necessidade de patrulhamento manual.
Envelhecimento profissional
Segundo o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, o país enfrentará uma escassez de cerca de 1.000 engenheiros elétricos de nível dois (responsáveis pela inspeção e manutenção de equipamentos de recepção e transformação de energia) até 2030.
Cerca de 34% dos membros das associações de inspeção de segurança elétrica (que representam aproximadamente metade dos engenheiros do país) têm 60 anos ou mais, evidenciando o envelhecimento da força de trabalho. Serviços de detecção remota podem aliviar a carga de trabalho do setor e garantir a segurança das infraestruturas.
A energia eólica offshore, fonte renovável em crescimento no Japão, também exige manutenção intensa. A fabricante de componentes eletrônicos SMK desenvolveu sensores que detectam o afrouxamento de parafusos em turbinas eólicas. Os sensores monitoram continuamente a força aplicada nos parafusos e alertam quando ela cai abaixo do limite definido.
Em parceria com empresas como a Toyota Tsusho, a SMK planeja iniciar as vendas para operadores nacionais em abril de 2026. Atualmente, a verificação de parafusos em turbinas offshore exige a paralisação do equipamento e o envio de embarcações, um processo caro. Com os sensores, elimina-se a necessidade de inspeções anuais.
A expansão das energias renováveis eleva a demanda por técnicos de manutenção em instalações eólicas offshore. Estima-se que, até 2050, serão necessários 19 mil trabalhadores para inspeção e manutenção, mais de oito vezes o número previsto para 2030, segundo a Associação Japonesa de Energia Eólica.
Em fevereiro, a Oki Electric Industry iniciou um projeto com a seguradora Sompo Japan para monitorar cabos submarinos que conectam as usinas eólicas à costa. O próprio cabo atua como sensor, coletando dados de temperatura do leito marinho e sons do entorno em intervalos de 15 metros. O sistema analisa essas informações em tempo real para detectar problemas como exposição do cabo.
Cabos danificados podem paralisar instalações por longos períodos. A detecção precoce de anomalias ajuda a estabilizar a operação das usinas e melhora sua rentabilidade, segundo a empresa.