Café brasileiro vive momento de afirmação global com qualidade e sustentabilidade
O café brasileiro vive um momento único. E eu não estou falando sobre o aumento no preço. Competitivo como nunca, sustentável como sempre e cada vez mais valorizado por quem entende de qualidade. Somos líderes globais na produção de café arábica, caminhamos para assumir a ponta no canéfora (robusta) e, ao mesmo tempo, nos destacamos entre os maiores consumidores do mundo.
Enquanto países como Colômbia e Costa Rica enfrentam queda de produção e maior vulnerabilidade, o Brasil consolida sua força.
A convite de Ricardo Nicodemos, presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro, participei de um bate-papo que discutiu as “Estratégias da Indústria do Café para promover o produto brasileiro”.
O nosso desafio é que o café brasileiro ainda está escondido. Apesar de sermos os maiores produtores, exportadores e os segundos maiores consumidores globais, o mundo nem sempre reconhece o valor do nosso produto.
Estamos presentes em 39 regiões produtoras, com centenas de organizações comprometidas com boas práticas, rastreabilidade e respeito ao meio ambiente. E, ainda assim, até recentemente, o café brasileiro contava com pouquíssimos recursos para marketing e promoção internacional.
Mas isso começou a mudar. Em 2024, ações como a participação de um mês na Itália, exposições em embaixadas e o fortalecimento institucional com iniciativas como o Museu do Café abriram novos caminhos. E a China é um exemplo claro de como o mundo está prestando atenção.
“A China aumentou suas compras de café e já passou os EUA em número de cafeterias. Em poucos anos, deve disputar com Brasil e EUA o posto de maior consumidor do planeta”, comentou Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, professor do MBA Esalq/USP e membro do Cosag/Fiesp.
Enquanto outras cadeias produtivas enfrentam críticas sobre desmatamento e impactos ambientais, o café brasileiro tem trilhado um caminho diferente. Com rastreabilidade crescente e práticas sustentáveis enraizadas no campo, o setor tem mostrado que é possível conciliar produtividade com respeito ao meio ambiente.
Com a COP30 se aproximando, o Brasil tem a chance de mostrar ao mundo que é possível produzir café em larga escala, com responsabilidade social, rastreabilidade e baixo impacto ambiental. O momento é de preocupação, sim, mas também de enorme oportunidade de posicionamento internacional.