Domingo, 3 de Agosto de 2025

Bambu vira alternativa na indústria e até na geração de energia

O bambu, matéria-prima de muitas peças de artesanato, ganha cada vez mais relevância como alternativa para usos industriais e alimentares. No Brasil, a planta passou a substituir o eucalipto para geração de energia, a ser usada nos sistemas de integração floresta-lavoura-pecuária e indústria têxtil, e também tem sido mais demandada na gastronomia.

O país ainda engatinha, mas tem potencial comparável aos principais produtores mundiais, como China e Índia, em função do clima e da existência de vegetação nativa. Um estudo da Future Market Insights estima que a produção pode crescer 8,6% ao ano, entre 2024 e 2034 no Brasil. Hoje, o país tem cerca de 5,26 milhões de hectares de bambuzais, entre nativos e plantados.

O Acre lidera a produção nacional. Há cultivo também no Maranhão — biomassa para geração de energia na indústria —, na Paraíba e em Pernambuco — produção de papel e celulose —, e em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Paraná — painéis para construção civil, brotos comestíveis, fitocosméticos, indústria têxtil e embalagens, segundo o estudo da Future Market Insights.

— Para o produtor, trata-se de uma fonte renovável de recursos. Um pé de bambu se renova durante até 30 anos, ou seja, após a colheita, não é necessário que haja novo plantio — afirma Hans Jürgen Kleine, da Associação Catarinense do Bambu.

A produção nacional é feita principalmente por pequenos agricultores, como Ângelo Pedrotti, de São Sebastião do Caí (RS), que cultiva 13 hectares de bambu gigante:

— Temos uma localização privilegiada e clima favorável para produção.

João Luiz Veiga Silva Filho herdou o interesse do pai, mas entrou comercialmente no ramo há 15 anos. Ele cultiva diversas espécies em 5 hectares na cidade de São Pedro do Ivaí (PR). Em Mambucaba (RJ), Danilo Candia colhe e trata o bambu e mantém uma equipe de engenheiros e construtores especializados em projetos de edificações com a madeira.

— Nosso trabalho tem foco na agricultura familiar. Conseguimos fechar parceria com empresas de utensílios no qual o fornecimento de um cabo de escova de cabelo de bambu gerava a renda equivalente à venda de uma caixa de tomate — diz Juliana Cortez Barbosa, presidente da Associação Brasileira de Bambu.

 

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