Sábado, 2 de Agosto de 2025

Backhaul com Wi-Fi 7 pode ser alternativa ao 5G dedicado, diz Cisco

As redes privativas têm sido apontadas pelos grandes fabricantes de equipamentos de rede de telecomunicações como a grande oportunidade para o desenvolvimento do 5G, que ainda encontra desafios de monetização para as operadoras. A aposta é que o 5G possa ser utilizado de forma dedicada na automação de fábricas ou na conexão de dispositivos de IoT em grandes ambientes produtivos, como fazendas, áreas de mineração etc. Mas e o Wi-Fi, que até hoje foi a tecnologia dominante para esse tipo de conectividade?

A aposta da Cisco é que, com o Wi-Fi 7, dois fenômenos aconteçam em paralelo. Do lado das operadoras, ganha-se a possibilidade de um offload Wi-Fi com o Open WiFi, que permite o roaming entre redes móveis e redes Wi-Fi de maneira imediata. É uma solução, por exemplo, para áreas de grandes concentrações de pessoas.

O outro modelo, que acontece em paralelo, é a adoção do Wi-Fi 7 como forma de comunicação direta entre dispositivos. A Cisco aposta no modelo de Ultra-Reliable Wireless Backhaul, que utiliza o rádio, os transmissões e as frequências do Wi-Fi 7, mas para criar uma rede dedicada, em que é possível ter controle sobre o desempenho, níveis de latência e outros parâmetros essenciais a aplicações de conexão entre máquinas e aplicações dedicadas.

Durante o Cisco Live 2025, que aconteceu esta semana em San Diego, um dos destaques da empresa em termos de lançamentos foi justamente uma nova linha de dispositivos de Wi-Fi 7, já preparados para fazer a conexão de backhaul Wi-Fi.

Para Matt Landry, VP de gerenciamento de produtos da Cisco Wireless, Wi-Fi 7 e 5G seguem sendo essencialmente complementares, com o WiFi ganhando funções que até agora não tinha. “A capacidade de Wireless Backhaul por Wi-Fi já estava especificada dentro do Wi-Fi 7, mas agora a gente integrou isso em um único equipamento de hotspot. O Wi-Fi pode, agora, assumir tarefas que até aqui eram exclusivas do 5G”.

Segundo ele, a dificuldade que o 5G tem em conseguir emplacar seu sucesso no mundo das redes privativas está na dificuldade de configuração. “Não é algo simples, que os profissionais de TI tradicional estejam acostumados a fazer. Então, é necessário ter uma empresa parceira fazendo isso, e em alguns casos não vale a pena. Já o Wi-Fi é uma tecnologia padrão para redes corporativas”, diz ele.

Landry não entra em polêmica quando o assunto é a quantidade de espectro que estará disponível ao Wi-Fi 7. “O que eu posso dizer é que nos EUA, os casos de uso do Wi-Fi 7 tirando benefício da banda de 6 GHz inteira estão mostrando a importância de se reservar espectro para isso”, diz ele.

“Vemos 5G e Wi-Fi como tecnologias que caminham juntas e atendem a propósitos específicos”, resume Landry, que conversou com TELETIME durante o evento Cisco Live 2025. (O jornalista viajou ao evento Cisco Live 2025 a convite da Cisco)

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