Anatel testa uso híbrido da faixa de 6 GHz
Vinicius Caram, superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel, disse que a agência iniciou os primeiros testes em que 150 cenários diferentes são avaliados para uso de espectro pelas redes wi-fi, em colaboração com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Ele espera que até o fim do ano saia um relatório final para ser submetido ao Conselho Diretor.
Ele mencionou a realização de testes recentes em Campinas-SP, envolvendo a emulação de portadoras IMT (International Mobile Telecommunications) junto com canais wi-fi 6 E e w-fi 7 em co-canal, para verificar a viabilidade de coexistência entre essas tecnologias.
O relatório resultante destes testes servirá para embasar decisões futuras, incluindo leilões de frequências e a regulamentação de tecnologias avançadas que possam operar na faixa de 6 GHz.
Caram ressaltou que até o momento não existem usuários pessoa física utilizando AP (access points) wi-fi 6 no Brasil, o que motiva uma reflexão sobre a adoção e implementação dessas novas tecnologias.
“Não é que estejamos restringindo a evolução do wi-fi 6 E e 7, estamos discutindo a possibilidade de uso de dois canais como 640 MHz ou 980 MHz, ou quem sabe, futuramente, ter um único canal de 800 MHz ou quase 1 GHz conforme a tecnologia vai evoluindo”, defendeu.
Caram mencionou testes também em ambientes outdoor, confiando no potencial de modelos de negócio que viabilizem o wi-fi 7, eliminando a necessidade de um SIM card e utilizando equipamentos padrão para facilitar a conectividade móvel em áreas urbanas.
Divergências
Cristiane Sanches, presidente do Conselho da Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações) destacou que o uso híbrido é “absolutamente difícil” e que decisões sobre o uso outdoor pode prejudicar o uso indoor. Ela defendeu a integralidade da faixa de 6 GHz como crucial e com características únicas que a tornam indispensável para o wi-fi.
Por sua vez, Martha Suarez, presidente da Dynamic Spectrum Alliance, criticou a ideia de compartilhar a faixa de 6 GHz entre wi-fi e IMT, conforme sinalizou o Brasil e o México ao incluir uma nota de rodapé na WRC-23, contrariando um posicionamento anteriormente acordado em toda a região latina, destacou.
Suarez sugeriu que o uso de parte do espectro para IMT pode limitar o potencial do wi-fi. “Em primeiro lugar, é importante comparar tecnologias, porque falamos de 5G ou de 6G, deixando um pouco de lado tecnologias que já estão na banda. Podemos considerar a faixa de 6 GHz para 6G, o que exigiria limpeza da banda, levando a implicações econômicas e de tempo bastante complicadas”, frisou.
Para ela, é importante considerar os mais de 20 mil links fixos que já ocupam a faixa só no Brasil, segundo dados da Anatel, ao mesmo tempo que é difícil comparar o wi-fi e seu uso hoje, olhando para uma alocação para o 6G que só ocorrerá em 2030. “Na WRC-27” isso será pensado, defendeu.