Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

Agro e setores empresariais se unem a Lula contra Trump

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgaram notas públicas nesta quinta-feira (10/7) em que criticam o tarifaço imposto unilateralmente por Trump.

A CNA, segundo a qual a medida “não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países, que sempre se desenvolveram em clima de cooperação e de equilíbrio”. A entidade argumenta que a elevação das tarifas é injustificada e trará prejuízos tanto para os Estados Unidos quanto para o Brasil, afetando negativamente empresas e consumidores.

O Ciesp também refutou as justificativas econômicas apresentadas por Trump. “Faltam argumentos concretos em favor dos EUA para uma tarifa de 50% nas importações do Brasil. Na última década, o superávit comercial em bens foi de US$ 91,6 bilhões a favor dos norte-americanos, e de US$ 256,9 bilhões quando se incluem os serviços”.

A Abinee, por sua vez, alertou para os impactos sobre o setor eletroeletrônico brasileiro, sobretudo nas exportações de equipamentos de grande porte. “A medida afetaria, principalmente, as vendas externas de equipamentos elétricos de grande porte, principais itens exportados do setor, tendo em vista os investimentos consideráveis que estão sendo realizados internamente naquele país para a criação de uma infraestrutura de recarga de veículos elétricos em todo o território”, afirmou a associação em nota.
As manifestações das entidades reforçam a estratégia do governo Lula de buscar apoio interno para enfrentar os desafios impostos por uma política comercial hostil dos Estados Unidos. Ao lado do agronegócio e da indústria, o Planalto sinaliza que o Brasil pretende defender seus interesses com firmeza e racionalidade, apostando no diálogo e na cooperação como alternativas ao protecionismo agressivo de Trump.

Com a nova taxação de Trump, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto, o Brasil se torna o país mais penalizado entre os 22 que foram alvo das sanções comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos. As tarifas serão aplicadas de forma abrangente, além de outras específicas já existentes, como as que incidem sobre aço, alumínio e agora cobre — este último também atingido por uma nova sobretaxa de 50%.

Desde abril, produtos brasileiros já vinham sendo alvo de tarifas de 10%, o que agora se intensifica com a medida mais agressiva anunciada pelo governo norte-americano. Entre os setores mais afetados estão o agronegócio e a indústria de base, que enfrentam concorrência direta com produtos norte-americanos no mercado internacional.

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