Sábado, 2 de Agosto de 2025

Agro diz que tarifaço de Trump ‘não se justifica’ e prejudica EUA e Brasil

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse nesta quinta que a sobretaxa de 50% sobre as exportações de todos os produtos brasileiros “não se justifica” e prejudica tanto os Estados Unidos quanto o Brasil.

Em nota divulgada nesta quinta, a CNA pregou pela resolução do embate econômico por meio do diálogo diplomático.

“Esta medida unilateral não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países, que sempre se desenvolveram em clima de cooperação e de equilíbrio, em estrita conformidade com os melhores princípios do livre comércio internacional”, diz a confederação.

A medida foi anunciada na quarta-feira, em uma carta assinada pelo presidente Donald Trump ao presidente Lula, informando que os produtos brasileiros receberão uma sobretaxa de 50% a partir do mês que vem. O americano justificou a medida com motivos políticos, com destaque ao tratamento dado pelo Judiciário ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

Balança — Foto: Criação O Globo

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, as vendas de produtos brasileiros ao país ultrapassaram os US$ 40 bilhões. No agronegócio, Brasil e EUA são concorrentes no mercado mundial de alguns produtos, como soja e algodão.

Segundo a CNA, a sobretaxa prejudica “as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores.”

“Os produtores rurais brasileiros consideram que essas questões só podem ser resolvidas em benefício comum por meio do diálogo incessante e sem condições entre os governos e seus setores privados. A economia e o comércio não podem ser injustamente afetados por questões de natureza política”, diz a nota.

O Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) também reagiu à medida do presidente americano. Por nota, o CIESP manifestou a “profunda preocupação” com a taxação

“Não procede a justificativa do presidente estadunidense sobre a balança de pagamentos entre os dois países lhes ser desfavorável, já que apenas na última década o superávit a favor deles foi de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens. E se incluído o comércio de serviços, o superávit dos EUA chega aos US$ 256,9 bilhões”, escreveu o CIESP.

O setor da indústria deve ser um dos mais afetados pela medida. Os principais produtos exportados para os EUA foram siderúrgicos, aeronaves, óleos combustíveis, petróleo, café e carne bovina fresca. Já os itens mais comprados pelo Brasil foram motores e máquinas, óleos combustíveis, aeronaves, petróleo e carvão.

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) disse que a medida deve provocar ” impactos relevantes” nas exportações brasileiras. Em nota, a associação diz que a medida não tem justificativa econômica.

“A medida afetaria, principalmente, as vendas externas de equipamentos elétricos de grande porte, principais itens exportado do setor, tendo em vista os investimentos consideráveis que estão sendo realizados internamente naquele país para a criação de uma infraestrutura de recarga de veículos elétricos em todo o território”, escreve a nota divulgada nesta quinta.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) expressou preocupação com o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, destacando os possíveis impactos negativos sobre a indústria nacional, especialmente a de transformação em Minas Gerais. Para a entidade, esse é um momento que exige prudência e responsabilidade nas relações comerciais internacionais, reforçando a necessidade de diálogo entre os dois países.

“A FIEMG entende que eventuais medidas de retaliação devem ser avaliadas com cautela, uma vez que podem trazer prejuízos significativos à sociedade brasileira e ao setor produtivo como um todo. Este é o momento de reavaliar posicionamentos, reconsiderar decisões e buscar soluções por meio do diálogo com esse parceiro estratégico”, diz trecho da nota divulgada.

 

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