Quinta-feira, 7 de Agosto de 2025

Com nova estação fixa, DetranRS projeta chegar à reciclagem de 100% dos materiais da sucata veicular

Referência na reciclagem veicular no país desde 2009, o DetranRS dá um novo passo rumo à meta da destinação ambientalmente correta de 100% do material dos veículos em fim de vida útil. Com uma estação fixa de reciclagem e tratamento de resíduos, a autarquia quer aumentar o percentual de material reaproveitado e tratado até chegar à totalidade do veículo. 

O projeto piloto iniciou em março, na primeira estação fixa, localizada em Cachoeirinha, e hoje tem capacidade para reciclar cerca de 50 sucatas/dia. A estação fixa foi desenvolvida pela empresa parceira, especificamente para as necessidades do DetranRS, descritas no termo de licitação. “Esse é um modelo inédito, fomentado pelo setor público. A reciclagem veicular já é realidade em uma série de países, sendo promovida, em sua maioria, pela iniciativa privada ”, explica a analista Núbia Coimbra, que é doutora em Engenharia e  pesquisadora do tema e ajudou a conceber e qualificar o projeto na autarquia. 

Há 15 anos, o DetranRS já realiza a reciclagem de veículos em fim de vida útil. Hoje o processo começa nos pátios dos depósitos, onde são retiradas baterias, extintores e cilindros de GNV. Depois o veículo é descontaminado em uma plataforma, com a retirada dos fluidos (combustível, óleo e fluido de freio). Por fim, é compactado e transportado para a Riograndense, unidade de produção de aço da Gerdau, localizada em Sapucaia do Sul. 

Na estação fixa, além de qualificar o tratamento dos resíduos, a intenção é separar também outros materiais para reciclagem, como vidros, borrachas, plásticos, chicotes e forrações. Assim, reaproveita-se mais da sucata veicular, possibilitando que o material ferroso chegue à Gerdau como matéria-prima secundária, com menor percentual de mistura. 

“A destinação ambientalmente correta do resíduo veicular é uma preocupação do DetranRS há muitos anos, mas, como era algo inédito no país, precisamos construir todo um processo, que agora estamos aperfeiçoando, buscando referências em outros países, como Japão e Estados Unidos. A meta ousada é chegar a 100% de reaproveitamento dos resíduos veiculares. Nosso compromisso é cuidar de todo o ciclo de vida do veículo, desde o registro até o descarte correto, sempre balizados pela proteção ambiental”, explica o diretor técnico da autarquia, Fabio Pinheiro dos Santos. 

Para Denis Gomes, líder de metálicos da Gerdau, maior recicladora de sucata metálica da América Latina,  a parceria com o DetranRS assegurará que a empresa siga sendo uma referência na produção de aço com baixa emissão de carbono. Uma das fontes de geração de sucata metálica é a reciclagem de veículos (cerca de 71% do aço produzido pela companhia), o que permite que um volume importante desses carros seja retirado das ruas e transformado em novos produtos de aço, uma vez que o aço é um item infinitamente e 100% reciclável. “Essa parceria também fortalece as cadeias de fornecimento e a destinação correta de materiais metálicos após as enchentes no Rio Grande do Sul. A demanda pelo tratamento de bens inservíveis aumentará, e a agilidade na descontaminação e na destinação desses materiais é um diferencial neste momento de reconstrução do estado”. 

  

ETAPAS DA RECICLAGEM NA ESTAÇÃO FIXA 

Dentro dos depósitos, os veículos  destinados à reciclagem são preparados, com a descaracterização do chassi e das placas. 
Os veículos são transportados em um caminhão com caixa ecológica dos depósitos até a estação fixa.  
Após a pesagem, o veículo é posicionado dentro da estação com piso impermeável para a retirada dos componentes inflamáveis, como bateria, extintor e cilindro de GNV, se houver. Esses materiais são separados e encaminhados para a destinação correta. 
Depois dessa etapa, o veículo é posicionado em uma plataforma descontaminadora, na qual uma pistola pneumática perfura o tanque de combustível, os reservatórios de óleo e de fluido de freio, para escoar os fluidos. Esses fluidos são levados por dutos até reservatórios localizados em área específica externa à edificação, onde são armazenados até seu encaminhamento posterior à reciclagem. 
Depois de descontaminado, o veículo é transportado para a área externa, onde ocorre sua descaracterização total na prensa hidráulica, que realiza a compactação da estrutura veicular. 
Após concluído o processo de compactação, o material é depositado dentro de containers, que, quando atingido o limite de carga para transporte, são enviados para a produtora de aço. 
Na Gerdau, os blocos resultantes da compactação são triturados. Depois, esteiras magnéticas separam o material ferroso, que é processado e retorna como insumo para a indústria. 
 

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