Quarta-feira, 6 de Agosto de 2025

Avanço do 5G esbarra na falta de antenas

 A quinta geração de telefonia móvel (5G) completou no último fim de semana dois anos desde a sua estreia, com a primeira ativação do serviço em Brasília. O sinal foi transmitido na faixa de 3,5 gigahertz (GHz), no padrão 5G “standalone” – apelidado de 5G “puro”, por cumprir requisitos mais rigorosos de rede, sem depender da infraestrutura dos padrões 2G, 3G e 4G. 

 Os resultados alcançados em dois anos de lançamento são comemorados por integrantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelas operadoras. Isso porque todas as obrigações do edital de venda das licenças, realizado em novembro de 2021, estão sendo cumpridos com antecedência. 

 Um dos técnicos que desenharam o edital de licitação, o superintendente Vinicius Caram, explicou que a competição entre as três maiores empresas (Claro, TIM e Vivo) para sair na frente na implementação, somada à estratégia de liberar a ativação por grupos de cidades próximas, fizeram a expansão da redes deslanchar nos dois primeiros anos. “As metas de instalação de antenas 5G estão sendo cumpridas com antecedência cada vez maior, indo de um ano e meio, que temos hoje, para dois anos de antecipação”, disse técnico da Anatel. 

 Por outro lado, o alto preço dos smartphones, considerado um barreira para grande parte da população, e a promessa de entrega de ampla cobertura de sinal contida nas divulgações oficiais do governo, das operadoras – e da própria agência reguladora – reforçam a percepção dos usuários de que a nova tecnologia ainda não pode ser desfrutada por completo. 

 O presidente da unidade de consumo da Claro, Paulo Cesar Teixeira, já defendeu que o preço de partida dos smartphones compatíveis com 5G não deveria passar de US$ 100. Por outro lado, a indústria com presença no Brasil alega que já trabalha no limite da margem e que não há espaço para corte de preço. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) se queixa da alta carga tributária que recai sobre o aparelho, de quase 40%. A entidade alerta ainda para a enxurrada de aparelhos não homologados pela Anatel que invadiram o mercado brasileiro no ano passado e já abocanham 25% das vendas, que ocorrem especialmente na internet. 

 Mesmo com o rápido avanço das redes 5G, que começou pelas capitais e está crescendo a partir das regiões metropolitanas, o usuário do serviço acaba se frustrando ao perceber que não consegue acessar a ampla cobertura divulgada pelo setor. De acordo com informações da Anatel, por exemplo, a tecnologia já alcança 60,75% dos domicílios. Porém, essa abrangência é resultado da soma da cobertura de todas as operadoras, o que não se verifica na prática. 

 Em sua casa pode chegar o serviço, mas da operadora que não é cliente. Um dado pouco falado, mas disponível no site da agência, é que o serviço alcança apenas 1,51% do território nacional. Um contraste semelhante, conhecido entre os especialistas, ocorre também na cobertura 4G, que cobre mais de 90% dos domicílios, mas só 18,16% do território nacional. 

 Smartphones compatíveis com 5G deveria custar US$ 100”  — Paulo Teixeira 

 Apesar do alto custo dos smartphones, no Brasil a tecnologia chega ao segundo ano de lançamento com 27,9 milhões de linhas ativas, ante o total de 260 milhões de aparelhos habilitados no país para as diferentes tecnologias. Na rede 5G, a Claro lidera o mercado com a fatia de 37%. E também se destaca com a melhor média em velocidade do 5G nas capitais. 

 A operadora considera que sua rede 5G, além de mais veloz, tem a menor latência (tempo de resposta) do mercado, o que garante “a melhor experiência de vídeos e games”. “A Claro sempre esteve na vanguarda do 5G e, há anos, vem investindo de forma consistente em infraestrutura e tecnologia de ponta para os clientes terem a melhor experiência com a nossa conexão, seja dentro ou fora de casa”, disse Teixeira, por meio de nota. Segundo ele, a estratégia é alcançar uma adesão 3,8 vezes mais rápida dos usuários ante 4G. 

 No quesito cobertura 5G, a TIM reúne o maior número de antenas, um total de 8,5 mil. Ao todo, o setor já colocou em operação 23 mil estações de transmissão de sinal em 589 cidades. O número é pequeno se considerar cerca de 100 mil antenas, incluindo as demais tecnologias de telefonia móvel oferecidas no país. Informa que nesses dois anos pôde levar sinal a mais de 350 cidades, contemplando 57% da população urbana. 

 “A TIM foi a única operadora a ganhar participação no mercado em 12 meses com aumento de 3.1 pontos percentuais e avança dentro da sua estratégia de expandir o 5G com foco sempre na melhor experiência dos seus clientes. Somente nos últimos três meses, a companhia ativou com o 5G uma cidade por dia”, divulgou a operadora, em comunicado sobre os dois anos da chegada do 5G. 

 A Vivo, apesar de mais tímida nas estratégias de oferecer maior cobertura e velocidade de conexão em níveis mais elevados do que as concorrentes, disse que está no momento de “ampla ativação” da tecnologia 5G. Em posicionamento, a empresa ressaltou que já conta com o novo padrão em todas as capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes e, agora, segue em “rápida ampliação” para as cidades de 200 mil habitantes. 

 “Temos um total de 205 cidades, com mais de 48% da população coberta”, informou a Vivo, em nota. Segundo a empresa, no primeiro trimestre, as vendas de celulares compatíveis com 5G foram responsáveis por 88% do total comercializado por ela. A tele informou que “a expansão da rede 5G para outras regiões é gradual e evolui de acordo com capacidades técnicas, demanda e autorizações para instalações de antenas”. 

 

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