Montadoras vão parar? Por que “crise dos chips” afeta umas montadoras, mas as chinesas não?
O alerta veio direto da Anfavea, a associação que representa as fábricas tradicionais no país. Ela avisou ao governo que há um risco real de paralisação das linhas de montagem. As fábricas podem parar nas próximas duas a três semanas. O motivo é a falta de semicondutores.
A princípio, esses chips são os “cérebros” dos carros modernos. Sem eles, não dá para fazer quase nada no veículo.
Por que BYD e GWM não serão afetadas?
Mas enquanto as marcas tradicionais se preocupam, as novas gigantes chinesas estão tranquilas. BYD e GWM, que agora produzem no Brasil, garantem que não vão parar. A BYD está em Camaçari (BA) e a GWM em Iracemápolis (SP).
Mas qual é o segredo delas para escapar da crise dos chips? A resposta está na estratégia de produção de cada uma.
A estratégia da BYD: “Eu mesmo faço”
A BYD tem uma vantagem que poucas no mundo têm. Ela fabrica seus próprios componentes essenciais. A empresa possui um braço chamado BYD Semicondutores. Isso se chama “integração vertical”. Ou seja, ela não depende tanto de fornecedores externos para os chips.
Na pandemia, por exemplo, a chinesa também não sofreu com a falta de peças. Por isso, a produção do Dolphin Mini e do Song Plus segue normal.
A estratégia da GWM: garantia da matriz
A GWM, que faz o Haval H6 no Brasil, também está segura. A empresa informou que seu fornecimento vem direto da matriz, na China. A marca investiu pesado para não ficar na mão. Ela comprou empresas de chips e fez parcerias estratégicas. Isso garante o fluxo de peças para sua fábrica.
O que causou esta nova crise dos chips?
O problema da vez é diferente da pandemia. Segundo a Anfavea, a crise atual é geopolítica. O foco está na empresa Nexperia. Ela fornece cerca de 60% dos chips para a indústria automotiva global. Uma disputa entre a Holanda (sede da empresa) e acionistas chineses ameaça travar as exportações desses componentes.
A Abinee (indústria elétrica e eletrônica) informou que seus associados ainda não relataram falta de chips.
A Eletros (fabricantes de eletrônicos) também disse que, por enquanto, a situação está normal para o setor.
O problema parece focado, neste momento, apenas no setor automotivo tradicional.
A situação mostra uma divisão clara no mercado. Enquanto as montadoras tradicionais sofrem com a instabilidade global, as chinesas avançam no Brasil. Elas parecem ter aprendido a lição das crises passadas e se protegeram.
