Terça-feira, 2 de Setembro de 2025

TIM avalia fusão de negócio de banda larga fixa com provedor

Com uma participação de 1,5% no mercado brasileiro de banda larga fixa em termos de usuários, a TIM Brasil avalia maneiras de tornar o negócio mais rentável, inclusive por meio de uma fusão de sua operação de fibra óptica até a casa do cliente (FTTH, na sigla em inglês) com um provedor de acesso à internet de porte médio, segundo apurou o Valor. Apesar de já ter contratado o Santander para ajudá-la a se reposicionar no segmento de banda larga fixa via fibra, a operadora não pensa em se desfazer de sua base de pouco mais de 800 mil assinantes e 6,5 milhões de domicílios aptos a receber o serviço de FTTH (“casas passadas”).

A rede de fibra óptica pertence à I-Systems, empresa de infraestrutura neutra de telecomunicações na qual a TIM detém 49% e a IHS Towers, os 51% restantes. Segundo uma fonte ouvida sob a condição de anonimato, a multinacional italiana está disposta a adquirir a fatia da I-Systems pertencente à IHS Towers. E, a partir daí, aportar sua carteira de clientes (que não está toda na rede da I-Systems) e mais a infraestrutura de rede numa fusão da I-Systems com um “player” independente de banda larga com mais cerca de um milhão de assinantes. Procurada, a TIM optou por não comentar o tema.

Num mercado altamente pulverizado e competitivo como o brasileiro, o restrito “clube” de provedores independentes com mais de um milhão de assinantes engloba nomes como Alloha, Vero e V.tal (por meio da unidade de negócios Nio), empresas que, de acordo com o Pipeline, site de negócios do Valor, já demonstraram interesse em negociar com a TIM.

Procuradas, Vero e V.tal não quiseram comentar. A Alloha não se manifestou, apesar de repetidas solicitações de informações sobre o assunto.

Nesse contexto, analisa a fonte do mercado de telecomunicações, a TIM poderia até ficar com uma fatia minoritária no provedor de banda larga resultante da fusão, mas aumentaria de forma relevante sua participação de mercado.

Diretor-presidente da TIM Brasil, Alberto Griselli vêm repetindo ao longo dos últimos trimestres que a companhia não pretende ampliar sua exposição ao mercado de banda larga, mas destacou, no fim de julho, que não pretendia se desfazer destes ativos. A justificativa foi que a banda larga fixa pode se encaixar numa estratégia de longo prazo pautada pela convergência de serviços.

“[A alternativa de se] desfazer do negócio não está na mesa. Temos é de valorizar isso [o negócio fixo]”, disse o executivo à época da divulgação dos resultados do segundo trimestre. Conforme apurou o Valor, a orientação estratégica continua a mesma, mas as tratativas em torno do negócio de banda larga ainda estão num nível “incipiente”, conforme definiu uma segunda fonte.

Contratação do Santander tem como objetivo indicar alternativas a seguir na banda larga fixa

“A rede neutra [da I-Systems] é um meio e não um fim. A finalidade é alavancar o negócio”, disse essa fonte. “A rede neutra pode fazer sentido num momento e não fazer no outro”, acrescentou. De acordo com essa fonte, a contratação do Santander pela TIM tem como objetivo indicar alternativas a seguir no segmento de banda larga. “O banco faz a conta de que caminho gera valor”.

Haveria, portanto, outras opções na mesa, dentro de um jogo que engloba variáveis diversas. “A I-Systems é uma peça desse tabuleiro”, reconheceu a fonte. Questionada pelo Valor se houve oferta ou sondagem por parte da TIM Brasil para aquisição de 51% da I-Systems, a IHS não quis comentar o assunto. Fundada em 2001, a provedora de infraestrutura de telecomunicações tem mais de 39 mil torres de telecomunicações espalhadas por oito países, além de redes de fibra óptica.

A TIM Brasil, por sua vez, desfruta de situação financeira confortável, como resultado de sua lucrativa operação de telefonia móvel e de uma baixa alavancagem financeira. Ao fim do segundo trimestre, a alavancagem – medida pela relação entre a dívida líquida total e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) normalizado – estava em 0,87 vez. A posição de caixa e títulos de valores mobiliários somava R$ 5,47 bilhões no fim de junho. Não haveria, portanto, urgência em tomar uma decisão sobre o futuro do negócio de banda larga fixa.

Essa flexibilidade em termos financeiros favorece a empresa, uma vez que o momento não está propício a fusões e aquisições de provedores de acesso à internet. “Não lembro de uma grande transação de FTTH [serviço de fibra óptica até a casa do cliente] nos últimos dois ou três anos”, disse um especialista no mercado que pediu para não ter seu nome citado.

Na visão dele, a taxa básica de juros elevada torna proibitivo o financiamento de uma operação de fusão ou aquisição com recursos de terceiros. Já do ponto de vista dos possíveis vendedores, o alto custo de investir na implantação de redes de fibra dificulta o retorno financeiro em caso de venda dos ativos.

 

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