Sexta-feira, 1 de Agosto de 2025

Estelionato digital cresce, enquanto furto e roubo de celular caem

Roubos e furtos de aparelhos celulares caem de 2023 para 2024 no Brasil, no entanto, crescem os golpes no ambiente virtual, ou estelionato digital. De acordo com dados do Anuário de Segurança do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), houve uma queda de um ano para o outro do crime envolvendo aparelhos celulares, mas os números ainda são preocupantes.

Os registros policiais de roubos e furtos de celulares caíram 13%, mas chegam a quase 1 milhão de celulares subtraídos. “De 2023 para 2024, houve uma queda no furto e roubo de aparelhos celulares e que geraram registros de ocorrência na polícia. Mas apesar de ter havido queda, em números absolutos, o volume de celulares roubados ou furtados é muito alto, chega a quase 1 milhão em 2024. O número exato é de 917,48 mil aparelhos. Isto reverbera numa taxa também muito alta de 431,1 aparelhos roubados e furtados por 100 mil habitantes”, explica Isabella Matosinhos, pesquisadora da entidade.

Isabella detalha que os crimes são predominantes em cidades de mais de 500 mil habitantes, sendo as três no topo do ranking da taxa de ocorrência por 100 mil habitantes são capitais: São Luís/MA (1.599,7), Belém/PA (1.452,2) e São Paulo/SP (1.425,4). “Em cidades com menos de 100 mil habitantes o crime também acontece, mas em taxas bem menores, varia de 105,6 por 100 mil habitantes em caso de furto e 44,1 por 100 mil habitantes para o roubo.”

“A tendência que observamos esse ano é a mesma do ano passado, no sentido de que os casos de furto superaram os de roubo, o que significa que houve uma migração do mundo físico para o virtual. Furtos são crimes que ocorrem sem violência, então a violência contra as vítimas diminui, mas possivelmente esses casos estão ligados a fraudes, que também vimos um aumento”, ressalta a pesquisadora.

O Anuário mapeou os dias e horários em que os crimes mais ocorrem. Os roubos de celulares se concentram nas quintas e sextas-feiras, com picos nos horários em que a maior parte das pessoas estão saindo (entre 6h e 8h) ou voltando (19h às 20h) para casa.

Já em relação aos horários, os crimes com violência ou ameaça se concentram no período da noite, com 41% registrados entre 18h e 23h. Oito em cada dez roubos são na rua.

O cenário dos roubos é o inverso em relação aos furtos, isto é, quando não há ameaça, com maior incidência nos fins de semana (34%), sendo 18% dos casos aos sábados e 16%, aos domingos. Os furtos acontecem com mais frequência a partir das 10h e, depois, às 18h.

Estelionato digital

O levantamento passou a observar a tendência do aumento do crime de estelionato e golpes no ambiente virtual ainda durante a pandemia de Covid-19, em 2020. Segundo o Anuário, os golpes online subiram 133% em três anos, de 120.470 registros em 2021 para 281.206 no ano passado.

Renato Sergio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, avalia que a razão possa ser a maior transformação digital da sociedade brasileira.

“Para se ter uma ideia, os estelionatos cresceram 408% de 2018 a 2024 e, em sua grande maioria, mesmo sabendo que os registros policiais ainda são muito frágeis em descrever o local onde acontece, é no ambiente virtual que tem crescido e tem se disseminado”, detalha o diretor.

Em números absolutos, em seis anos, os estelionatos foram de 426.799 para 2.166.552, enquanto os roubos caíram, no mesmo período, de 1.506.151 para 745.333.

“É o ambiente virtual também que se aproxima dos furtos e roubos de celulares, porque a porta de entrada desses ambientes é o celular. Se antes valiam pelo equipamento em si, hoje eles carregam as nossas vidas. Então, quando a gente olha para o anuário, a gente percebe uma mudança radical na dinâmica do crime, que remete ao ambiente virtual, a esfera privada – da casa, da escola, e o quão dramático é pensar política de segurança pública”, afirma Lima, que destaca a necessidade de uma maior cooperação entre os entes federados.

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