Receita cai 28% e Positivo fecha no vermelho
A revogação das restrições a importações de chips de IA dos Estados Unidos, anunciada nesta semana pela gestão Trump, é notícia bem-vinda para a fabricante de computadores Positivo Tecnologia, que importa componentes de empresas americanas.
“Ainda bem que Trump revogou amarras para compras de chips Nvidia ”, disse o presidente empresa, Helio Bruck Rotenberg, em teleconferência sobre o balanço, na quinta-feira (15).
A empresa registrou prejuízo de R$ 13,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 64 milhões no mesmo período de 2024. A receita caiu 28%, para R$ 715,4 milhões. Na B3, o papel fechou em queda forte, de 12,33%, a R$ 5,12.
“Já esperávamos um trimestre ruim, com negócios mais fracos em governo”, disse Rotenberg sobre os resultados, citando atrasos consecutivos em licitações públicas ao longo de 2024 e o cenário de juros altos no país. “Custos financeiros com estes juros bastante altos colaboram com este prejuízo”, comentou.
Segundo a empresa, o cenário atual é mais otimista e 80% da receita anual do segmento de governo já está contratada ou em fase de contratação para o ano. O setor público deve voltar a comprar neste segundo trimestre, prevê a empresa. Os contratos incluem a venda de um computador de alta performance no valor de R$ 450 milhões a uma “grande estatal brasileira”, cujo nome não foi revelado e que será parcialmente faturado em 2025. Segundo Rotenberg, a licitação ganha pela empresa envolve 2 mil componentes da Nvidia.
A revogação das regras de “difusão de IA” determinadas na gestão de Joe Biden e que entrariam em vigor neste mês de maio, reduz uma preocupação com limites de importação de chips de IA de alta performance a diversos países, incluindo o Brasil, disse Rotenberg.
Após um prejuízo que não foi surpresa para a empresa, o executivo ressaltou que a companhia reforçou a projeção de receita bruta de R$ 4,4 bilhões a R$$ 4,8 bilhões para 2025.
O comando da Positivo comentou ainda que sua divisão de produtos de segurança eletrônica, a Positivo Seg, entra em equilíbrio financeiro no fim do ano e que as vendas de serviços devem recuar um pouco nos próximos trimestres. O segmento de serviços gerou 24% da receita bruta da companhia no primeiro trimestre, ante 13% um ano antes.
Na área de celulares, a empresa alertou para a vendas de aparelhos ilegais no país. Este ano, as vendas de aparelhos importados ilegalmente e sem homologação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) devem representar 14% do volume de aparelhos vendidos no país, ante 19% em 2024. O resultado deve gerar uma evasão fiscal de R$ 3,5 bilhões em 2025, projeta a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).