Indústria do Plástico: Expectativas são otimistas para 2025
Otimismo moderado. Dirigentes de alguns dos segmentos conhecidos por serem grandes usuários de peças plásticas têm perspectivas positivas em relação aos negócios no ano que se inicia. A expectativa é de crescimento, mas em níveis inferiores aos alcançados em 2024, ano cujos resultados superaram as expectativas mais otimistas das empresas. A elevação dos juros, alta na inflação e dólar valorizado são os motivos da desconfiança dos empresários em alcançar resultados mais auspiciosos.
Um pequeno resumo do mercado ajuda a traçar o perfil da indústria de transformação do plástico no Brasil. Em 2023, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, via Rais e Novo Caged, o setor contava com 12,4 mil empresas e fabricou 7,49 milhões de toneladas, chegando a um faturamento de R$ 123 bilhões. No ranking de 2023 dos transformados plásticos em valor de consumo, elaborado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a liderança está com o setor de construção civil (28,32%). Em segundo lugar aparece o setor alimentício (18,98%), seguido pelos de artigos de comércio e varejo (7,90%), automóveis e autopeças (7,25%) e bebidas (5,10). A lista também contempla os segmentos de móveis (4,21%), agricultura (3,17%), químicos (2,87%), perfumaria, higiene e limpeza (2,64%) e outros.
O levantamento também aponta cerca de US$ 3,7 bilhões gerados pelas importações e US$ 1,39 bilhões referente às exportações de transformados plásticos. Entre as resinas mais consumidas, estão o PP (19,7%), PEBDL (15,3%), PEAD (13,9%), PVC (13,8%), PET (6,9%), PEBD (7,6%), PS (6,4%) e EPS (3,3%). O total de resinas recicladas utilizado chegou a 13,2%. Entre os meios de transformação, a extrusão é o mais utilizado (61%), seguido pela injeção (25,1%), termoformação (7,1%), produção de espumas (4,4%) e rotomoldagem (2,4%). Do total de produtos extrudados, a extrusão de filmes correspondeu a 45,1%, seguida pela com sopro (23%), de perfis (21,2%), chapas (9,5%) e monofilamentos (1,3%).
A Abiplast não se pronunciou até o fechamento dessa edição sobre os resultados obtidos pela indústria de transformação do plástico em 2024 e nem se posicionou sobre as perspectivas para 2025.
Construção civil impulsiona indústria do plástico
A construção civil é o setor maior consumidor de matérias primas plásticas. Em 2023, o segmento respondeu por 28,32% do volume total das peças plásticas produzidas no país, o que representou faturamento para os transformadores de R$ 26,8 bilhões. O setor apresentou resultados positivos no ano passado.
De acordo com projeções do estudo Projetos de Construção, contratado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), assinado pela FGV Ibre, o PIB da construção deve ter se elevado em torno de 4,4% em 2024 – o número final ainda não estava disponível no fechamento dessa edição. O incremento representado pelo consumo das famílias em autoconstrução e reformas deve ter crescido na casa dos 5%, maior do que o do valor apresentado pelas construtoras, que ficou próximo da casa dos 4,1%.
Ana Maria Castelo, coordenadora do estudo, apresentou alguns dados já consolidados referentes ao ano passado. Até setembro, o PIB do setor acumulava alta de 4,1% no país em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE. De janeiro a setembro, também comparado ao mesmo período de 2023, as vendas de imóveis no país cresceram 19,7%, e os lançamentos imobiliários, 17,3%. O VGV (Valor Geral de Vendas) subiu 21%. As unidades enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) representaram 58,7% dos lançamentos e 43,6% das vendas – até novembro, cerca de 500 mil unidades do MCMV haviam sido contratadas.
Líderes do Sinduscon-SP têm a perspectiva de que o PIB da construção em 2025 deve crescer em ritmo menos acelerado, algo em torno de 3%. Yorki Estefan, presidente, comentou que na cidade de São Paulo poderá haver velocidade maior de vendas e lançamentos de empreendimentos imobiliários. Além disso, mais obras de infraestrutura poderão resultar do plano de investimentos da Sabesp.
Estefan: juros podem afastar investidores dos imóveis
“Mas se houver elevação maior da taxa de juros, isso poderá levar a uma desaceleração maior do que a prevista. Maiores os juros, menor o número de compradores de apartamentos de média e alta renda”, advertiu.
Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia, ressaltou que no curto prazo os juros altos não impactam as obras já contratadas.
“Mas investimentos privados e das concessões serão postergados se houver elevação muito alta, reduzindo mais a atividade da construção a partir do terceiro trimestre. Juros altos também competem com a rentabilidade dos novos investimentos”, lembrou.
Até outubro, as construtoras criaram cerca de 230 mil empregos com carteira assinada. Por conta desse movimento, as empresas da indústria da construção tiveram dificuldades crescentes na contratação de mão de obra qualificada e no custo desses colaboradores. Empresários e executivos do setor foram indagados sobre como superar essas dificuldades, em resposta que permitia múltiplas assinalações. Entre os entrevistados, 43% informaram que investem em capacitação interna, 28% oferecem mais benefícios, 27% realocam colaboradores da empresa, 19% mudam processos para reduzir a dependência de mão de obra e 18% aumentam salários.
Entre os produtos plásticos, os transformados de PVC, de longe, são os mais utilizados. Entre exemplos de peças fartamente consumidas se encontram tubos, conexões, conduítes, equipamentos para infraestrutura, isolamentos acústicos e de temperatura, pisos, decoração e acabamento. Um nicho que merece destaque pelos resultados que vem apresentando nos últimos anos é o de esquadrias e perfis.
“Nos últimos anos, no Brasil temos apresentado crescimento consistente, impulsionado por diversas tendências e demandas do setor da construção civil. Embora os números exatos possam variar, estimativas indicam que o mercado pode ter alcançado acima de R$ 1 bilhão no último ano”, revela Eduardo Rosa, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Sistemas, Perfis e Componentes para Esquadrias de PVC (Aspec PVC).
Embalagens também tem importância na indústria do plástico
As embalagens têm participação muito significativa na indústria da transformação do plástico. Respondem pela produção de milhares de itens voltados para embalar de produtos minúsculos aos de grandes volumes. A atividade abrange segmentos os mais variados, de alimentos, bebidas, produtos de higiene pessoal a produtos farmacêuticos, eletroeletrônicos e muitos outros. De acordo com estudo apresentado pela Associação Brasileira de Embalagens (Abre), em 2023 o plástico foi o material com maior participação no valor bruto da produção do setor –respondeu por R$ 47,9 bilhões, 33,2% do total faturado pelo setor. Em segundo lugar apareceu o papelão ondulado (R$ 33,78 bilhões, 23,4%).
As embalagens flexíveis respondem por expressiva participação no segmento como um todo. “O ano apresentou resultado significativo, temos a expectativa de ter alcançado crescimento de 5% no volume de produção”, informa Rogério Mani, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief). A entidade, até o fechamento desta edição, conta com os números da produção calculados até o terceiro trimestre, obtidos a partir de estudo realizado pela consultoria Maxiquim.
Mani credita o bom desempenho em grande parte à redução do desemprego, o que melhorou o nível de consumo da população. “Nossas vendas estão muito ligadas ao desempenho das vendas dos produtos da cesta básica”. O destaque no nicho de embalagens flexíveis vai para o setor de alimentos, seguido pelo de bebidas, peças para o varejo, segmento de higiene e de limpeza, entre outros. Na média, em torno de 74% das peças fabricadas usam polietileno de baixa densidade ou de baixa densidade linear. Em seguida surgem o polipropileno (16%) e o polietileno de alta densidade (10%).
As perspectivas para 2025 são menos otimistas. “Estamos esperando um crescimento em torno de 3% a 3,5%”, informa Mani. Para o presidente existem algumas questões que preocupam.
“Estamos em um momento desafiador. O câmbio disparou no final do ano e isso causa impacto no preço das matérias-primas, que são commodities. Os juros e a inflação estão em alta, o que pode prejudicar as vendas dos itens da cesta básica e de alimentos”. Com esse quadro, o dirigente defende o planejamento financeiro bem eficiente por parte das indústrias do setor. “Precisamos fazer as contas na ponta do lápis e nos comunicar com o mercado de forma clara e transparente”. Outra necessidade, de acordo com o dirigente, é se manter atento às novidades tecnológicas.
Mani: desemprego menor elevou as vendas das embalagens
“A tecnologia avança de maneira muito rápida, hoje a dinâmica é maior, equipamentos com cinco anos em operação podem estar obsoletos. Máquinas novas proporcionam ganho de produtividade, economia de energia e outras vantagens”.
Também é preciso estar atento ao surgimento de materiais com características diferenciadas. Uma das tendências tem sido a de aproveitar cada vez mais os reciclados.
“Hoje, em torno de 5% do material utilizado para a fabricação das embalagens é reciclado. Parece pouco, mas esse número vem crescendo ano a ano. Nem sempre o uso dos reciclados é apresenta melhor custo, mas incentivar a economia circular tem sido preocupação constante”.
Veículos
A indústria automobilística brasileira vive momentos de pé no acelerador. Os números andam para lá de animadores. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o emplacamento de veículos novos em 2024 ficou próximo da casa dos 2,63 milhões (veículos leves + pesados), com aumento de 14,1% em relação ao ano anterior. A produção atingiu o número de 2,55 milhões de unidades, número 9,7% superior ao de 2023.
Esses dados soam como música para a indústria do plástico, que tem no mercado automobilístico um de seus principais clientes. De acordo com a Abiplast, o segmento respondeu em 2023 por 7,25% do volume das peças plásticas produzidas no país e gerou faturamento de R$ 6,8 bilhões. Uma das características desse nicho de mercado é a procura por peças técnicas, com grande valor agregado. O raciocínio vale de pequenos itens, como peças internas para motores, a outros de grandes dimensões, como para-choques, painéis ou tanques de combustíveis. Além de ser atraente para os transformadores, o segmento provoca grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento entre os fornecedores de matérias-primas e também entre os fabricantes de máquinas e equipamentos.
“O Brasil foi o país que apresentou maior crescimento da indústria automobilística em todo o mundo. A média internacional no número de emplacamentos aumentou 2% no ano passado”, revela Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea. Em termos de licenciamentos, o Brasil superou a Espanha e passou a ocupar a sexta posição em todo o mundo, atrás da China, Estados Unidos, Japão, Índia e Alemanha. Em produção, ocupa o oitavo lugar, atrás da China, Estados Unidos, Japão, Índia, México, Coréia do Sul e Alemanha.
Um outro número destacado pelo dirigente foi o da venda total de veículos novos e usados no mercado brasileiro, que chegou a 14,2 milhões de unidades. “É a maior venda de novos e usados da nossa história, número muito importante porque mostra a grande força do atual momento de nosso sistema automotivo”. Leite só lamenta no último ano o forte crescimento da importação de veículos, em especial dos chineses. Os importados chegaram às 467 mil unidades, número 32,5% superior ao de 2023. As exportações somaram 398 mil veículos, com queda de 1,3%. “Precisamos nos esforçar bastante para recuperar participação no mercado internacional, em especial na América Latina”.
As projeções para 2025 se mantêm otimistas. A expectativa é que os licenciamentos atinjam 2,8 milhões de unidades, com incremento de 6,8%. A produção se estima atingir 2,75 milhões de unidades, com variação positiva de 7,8%. Essas perspectivas da Anfavea foram apresentadas em janeiro e já levam em consideração dados recentes da economia, como valorização do dólar e aumento de juros.
“Temos a intenção de superar essas projeções, queremos chegar à meta de 3 milhões de unidades emplacadas”, ressalta o presidente. Outro número auspicioso: montadoras presentes no mercado brasileiro anunciaram investimentos da ordem de R$ 180 bilhões para os próximos cinco anos.
Os números positivos são explicados a partir de uma série de fatores. A melhora dos índices econômicos do país, sem dúvida, é o principal. O lançamento, por parte do governo federal, do programa Mover, em meados do ano, foi muito bem aceito pelas lideranças da Anfavea. Ele prevê o estímulo de investimentos em tecnologia da descarbonização da frota automotiva brasileira, além de limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos, entre outras providências.
Vale lembrar: a indústria automobilística passa por profunda transformação em todo o mundo. A necessidade de descarbonização da atmosfera tem provocado o surgimento de novos propulsores nos veículos, em especial os elétricos/híbridos ou os totalmente elétricos. Em paralelo, também em nome do combate à poluição, continua premente a necessidade de se reduzir o peso dos veículos. A motivação movimenta o setor há muitos anos e tem o objetivo de fazer os veículos consumirem menos combustíveis. Essas transformações incentivam o lançamento de novas formulações de resinas e a necessidade de transformação de peças plásticas sofisticadas.
Eletroeletrônicos
A indústria elétrica e eletrônica encerrou o ano de 2024 com faturamento de R$ 226,7 bilhões, valor que representa crescimento de 11% em relação aos resultados do ano anterior. Os números são da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). De acordo com o estudo realizado pela entidade, todas as áreas representadas registraram alta no faturamento. A produção física do setor apresentou aumento de 10,2% em relação ao ano passado, puxada principalmente pelo desempenho da área elétrica. Uma ressalva: de acordo com a Abinee, os resultados de faturamento e produção contaram com base fraca de comparação, visto que em 2023 esses indicadores apontaram quedas de 6% e 11%, respectivamente.
Para os empresários do setor, os principais indicadores da indústria eletroeletrônica deverão registrar em 2025 incrementos mais discretos. Estimativas da Abinee mostram que o faturamento do setor deverá somar R$ 241 bilhões, crescimento de 6% em relação a 2024, com taxas positivas em todas as áreas. Os cálculos apontam para crescimento da produção física do setor na casa dos 5%. A utilização da capacidade instalada deverá se manter em 79%. Os investimentos deverão totalizar R$ 4,2 bilhões, resultado 7% acima do verificado em 2024. Apesar da expectativa otimista, Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, faz algumas ponderações.
Barbato: capacidade produtiva setorial manterá alta ocupação
“Os empresários estão apreensivos com a política fiscal do país e com a desvalorização cambial. A preocupação é a de que a alta do dólar, agravada no final de ano, traga novos impactos nos custos de matérias-primas e componentes importados em 2025”.
Para o segmento do plástico, essa atividade é importante, não só pelo volume de produção (de acordo com a Abiplast, em 2023 o setor de eletrônicos representou 1,74% do total de peças plásticas produzidas), como também pelo valor agregado de muitas das demandas do setor. Não raro são utilizadas formulações de resinas com propriedades diferenciadas. Alguns outros dados de 2024 chamam a atenção. Os investimentos do setor eletroeletrônico também apresentaram resultado expressivo, com crescimento de 10%, alcançando a cifra de R$ 3,9 bilhões no ano passado.
A utilização da capacidade instalada passou de 73% em dezembro de 2023 para 79% no final de 2024. O número de empregados pela atividade em 2024 encerrou o ano com 284,2 mil trabalhadores, com 18,7 mil posições a mais do que no exercício anterior. “Os resultados do ano realmente nos surpreenderam, não tínhamos essa expectativa”, afirma Barbato.
Outro destaque positivo ficou para as exportações, que apresentaram aumento de 4%, totalizando US$ 7,5 bilhões. Destacaram-se os crescimentos nas vendas externas de bens de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica – GTD (17%) e de Equipamentos Industriais (15%). Os motores e geradores foram os principais produtos exportados do setor, totalizando US$ 764 milhões, 17% acima do resultado de 2023. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações, correspondendo a 26% do total do setor.
As importações cresceram 12%, somando US$ 47,9 bilhões. As áreas que apontaram as maiores taxas de crescimento nas importações foram equipamentos industriais (22%), utilidades domésticas (22%), componentes elétricos e eletrônicos (19%) e informática (18%). Individualmente, o produto mais importado foi o módulo fotovoltaico (US$ 2,7 bilhões), que ficou entre os dez produtos mais importados do Brasil. A maior parte (47%) das importações do setor é proveniente da China. O déficit da balança comercial totalizou US$ 40,4 bilhões, resultado 14% superior ao apresentado em 2023 (US$ 35,5 bilhões). “A expectativa é de que em 2025 as exportações continuem contribuindo com o desempenho do setor, com elevação de 3%, enquanto as importações devam crescer 2%”.
Uma preocupação da Abinee tem sido a elevada participação do mercado irregular de celulares nas vendas do segmento. “De cada dez aparelhos comercializados no país, dois são vendidos de forma irregular, ou seja, 20% do total”. Segundo Barbato, foram tomadas uma série de medidas pela Anatel, Senacon, Polícia e Receita Federal e pelo Legislativo. “Mesmo com todos os esforços para conter essa prática, ela ainda é preocupante e demanda ações contínuas.”
Vendas de máquinas para indústria do plástico seguem aceleradas
O que está bom pode ficar ainda melhor. As vendas de máquinas indicadas para a indústria do plástico fabricadas no Brasil vão muito bem, obrigado. O bom momento vivido pela economia tem incentivado os transformadores a investir na modernização das suas linhas de produção. De acordo com Amilton Mainard, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico da Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos (CSMAIP/Abimaq), os números ainda não foram fechados, mas o crescimento desse nicho de mercado deve ter ficado na casa dos dois dígitos, repetindo números alcançados nos últimos quatro anos.
Amilton Mainard, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico da Associação Brasileira da Industria de Máquinas e Equipamentos (CSMAIP/Abimaq)
“Alguns fatores devem colaborar para que, em 2025, o resultado seja ainda superior”, avalia. Um dos mais promissores tem origem em uma lei de incentivo fiscal sancionada no final de maio do ano passado pelo governo federal, com o objetivo de estimular a procura por máquinas e equipamentos. Na prática, a lei entrou em vigor no último mês de outubro, quando foi promulgado um decreto que a regulamentou – ela deve vigorar até o final de 2025.
Pelo texto, o governo concede cotas de depreciação acelerada para máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos destinados ao ativo imobilizado e utilizados em atividades econômicas, entre elas a indústria do plástico. A depreciação é um conceito contábil que leva em consideração o desgaste natural dos bens operacionais, o que leva à diminuição de sua utilidade e à perda de seu valor. Sem o incentivo, a lei permite a dedução anual de apenas 10% do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do valor desses bens.
Com o novo texto o comprador poderá deduzir 50% do valor do equipamento adquirido no ano em que for instalado ou entrar em operação e 50% no ano seguinte. A renúncia fiscal prevista na lei é de R$ 3,4 bilhões. “A expectativa da Abimaq é de ela gere aumento nas vendas de máquinas para todos os setores na casa dos R$ 10 bilhões, o que deve compensar o sacrifício fiscal oferecido pelo governo”.
Outro acontecimento que pode colaborar com o incremento da procura por máquinas é a realização em 2025 de nova edição da feira Plástico Brasil, iniciativa da Abimaq, prevista para ser realizada de 24 a 28 de março, na capital paulista.
“Sempre que acontece a feira há perspectiva de aumento no fechamento de negócios. Esse ano, do início de dezembro, quando se abriu o credenciamento, até o dia 18 de dezembro, quando a Abimaq entrou em recesso, já haviam se inscrito mais de 20 mil visitantes, número bastante expressivo”.
Colaboram com o otimismo a elevada produtividade e a economia de energia elétrica proporcionadas pelas máquinas mais modernas.
“Hoje, para se manter competitivo, o transformador precisa incrementar a tecnologia de suas linhas de produção, isso não tem volta”. Outro fator técnico que está se tornando relevante é o uso cada vez mais acentuado de materiais reciclados, o que se revela mais eficiente no caso dos equipamentos inovadores.
A dificuldade de financiamento, causa antiga de muitas reclamações por parte dos fabricantes de equipamentos, continua. “Se mudou alguma coisa foi pra pior”. Não por acaso, de acordo com Mainard, de 75% a 80% das compras de novos equipamentos têm acontecido com recursos próprios. Outro fator econômico bastante comentado nos últimos tempos é a valorização do dólar.
“Para os fabricantes nacionais, o dólar valorizado não é um mau negócio, dificulta a importação e colabora com as exportações. Um lado negativo se encontra no fato de muitos componentes presentes nas máquinas nacionais serem importados, o que aumenta o custo final da produção”.