Falta de componentes leva Volkswagen a dar férias coletivas a funcionários de São Bernardo
O Globo Online - 04/05/2022

Os 2,5 mil trabalhadores da produção da Volkswagen, na fábrica de São Bernardo do Campo, entrarão em férias coletivas em função da falta de componentes. Os metalúrgicos ficarão fora da fábrica por 20 dias, de 9 a 28 de maio.

A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O coordenador-geral da representação na Volks, José Roberto Nogueira da Silva, destaca que além dos semicondutores outros componentes e peças começaram a faltar e afetar a produção na montadora.

"Não foi diferente ao que está acontecendo em outras fábricas do país. Tem demanda de produção, porém com a escassez de peças a fábrica não consegue atender o consumidor final. Estamos na expectativa da retomada o mais breve possível”, afirmou o sindicalista em nota.

A Volks conta com cerca de 8,2 mil trabalhadores, sendo 4,5 mil na produção. Atualmente a fábrica produz 800 veículos por dia.

Em nota, a Volkswagen do Brasil confirmou que a fábrica de São Bernardo do Campo terá 20 dias de férias coletivas para os dois turnos, em razão da falta de semicondutores, a partir do dia 9 de maio.

No ano passado, em agosto, a montadora havia dado dez dias de férias coletivas para cerca de dois mil funcionários da unidade em Taubaté. Em julho, a mesma unidade havia ficado paralisada por vinte dias também por falta de peças. Antes disso, a empresa já havia parado ao menos outras duas vezes.

No ínicio de abril deste ano, a Mercedes-Benz colocou 5,6 mil funcionários de São Bernardo do Campo  e de Juiz de Fora em férias coletivas. A paralisação ocorreu entre 18 de abril e terminou hoje. Segundo a empresa, o principal motivo é a razão da crise global e falta de componentes. Perto de 5 mil funcionários ficaram parados em São Bernardo do Campo e 600 em Juiz de Fora.

A Anfavea, associação que representa a smontadoras, em conjunto com outras entidades, como a Associação Brasileira de Semicondutores (Abisemi) e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), além de universidades, criou um projeto junto ao governo brasileiro no sentido de criar condições para ter uma indústria de semicondutores.

Hoje, o país já tem produção desses componentes, mas voltada para computadores e celulares. De automóvel é tudo importado.

A ideia é ter uma política que atraia as principais empresas do setor. Mesmo assim, a expectativa é que o problema não seja resolvido até 2023, já que uma fábrica leva pelo menos três anos para começar a funcionar.

Trata-se uma indústria que requer investimento elevado, já que trabalha com muita pesquisa e desenvolvimento.