No Brasil, reciclagem atinge só 3,3% dos eletrônicos
O Globo - 17/02/2025

Smartphones, notebooks, monitores, tablets, fones, fios, teclados, pilhas, baterias. Conforme a velocidade da tecnologia acelera, cresce o volume de lixo eletrônico gerado no mundo. O chamado e-lixo é um risco à saúde e ao meio ambiente, mas o descarte adequado do que está danificado e ore condicionamento ainda são insuficientes para dar conta da demanda.

O Monitor Global de Resíduos Eletrônicos, das Nações Unidas, mostra que a geração de e-lixo tem aumentado cinco vezes mais rápido do que a reciclagem. Em 2022, foram produzidas 62 milhões de toneladas de lixo eletrônico 82% amais do que em 2010.

O Brasil é o maior produtor de resíduos da América do Sul e está entre os cinco primeiros do mundo. Foram 2,4 milhões de toneladas geradas em 2022, mas só 3,3% desse total foram coletados e reciclados formalmente.

Algumas iniciativas ajudam a reduzir a geração de e-lixo e estimulam o consumo consciente. A logística reversa é um desses instrumentos, com reutilização, reciclagem e tratamento correto dos componentes. O esquema de logística reversa se dá principalmente por pontos de entrega voluntária (PEVs), mas há campanhas de coleta nas casas. No ano passado, foram 8 mil toneladas recolhidas.

Ademir Brescansin, gerent eexecutivo da Green Eletron, fundada em 2016 pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) para ajudar as empresas, afirma que muitos materiais têm alto valor, mas o custo de extração a partir de resíduos é elevado, tornando mais barato para a indústria extrair ou importar matérias primas virgens ,“dificultando o comércio justo de matérias-primas recicladas”:

— A separação e o tratamento dos materiais são processos complexos e exigem tecnologia de ponta para serem economicamente viáveis.

Outros caminhos são o aluguel, reforma e revenda de aparelhos. A Vivo aluga aparelhos, como notebooks, desktops e tablets para empresas. O serviço cresceu na pandemia, quando as empresas mandaram seus funcionários administrativos para o home office.

Segundo Gabriel Domingos, diretor de Marketing B2B da operador ade telefonia, alocação tem impacto ambiental da circularidade dos equipamentos:

— Temos o propósito de engajar nossos clientes com inovação e sustentabilidade, oferecendo soluções modernas que reduzem custos, otimizam operações e acompanham a crescente demanda por práticas sustentáveis no mercado.

A Circoola, que atua no Rio, Niterói e municípios da Baixada Fluminense, recolhe lixo eletrônico de consumidores e empresas. Em 2024, foram 4.318 coletas. Uma parte do material recolhido é desmontada e segue para reciclagem.
Já o que ainda está em condições deu sovai para uma estação de melhoramento e volta ao mercado para doações ou venda a preços populares.

— Há uma preocupação do ponto de vista ambiental, mas há aquelas pessoas que só querem “se livrar” do lixo. Ainda precisamos de educação ambiental para que a população enxergue o problema do descarte dos eletrônicos — afirma Lucas Palazzo, diretor de operações da Circoola.

“A separação e o tratamento dos materiais são processos complexos e exigem tecnologia de ponta” 
Ademir Brescansin, da Green Eletron, entidade da Abinee, associação da indústria elétrica e eletrônica

“Temos o propósito de engajar nossos clientes com inovação e sustentabilidade” 
Gabriel Domingos, diretor da Vivo