Nos últimos tempos, o mercado de celulares no Brasil tem enfrentado um problema crescente com a venda de aparelhos irregulares, que incluem desde produtos falsificados até dispositivos oficiais que entraram ilegalmente no país. O número de aparelhos irregulares vendidos no país dobrou em um ano, saltando de 10% em 2022 para 25% no último trimestre de 2023, de acordo com o IDC Brasil.
Uma análise da Associação Brasileira de Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee) revelou que cerca de 90% dos celulares contrabandeados são comercializados através de marketplaces, com um valor cerca de 38% abaixo do mercado oficial. O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, apontou que a facilidade de encontrar esses produtos em plataformas online, aliada ao atrativo do preço, tem levado os consumidores a optarem por essas compras sem saber dos riscos envolvidos.
Reinaldo Sakis, diretor de pesquisas do IDC América Latina, alertou para o fato de que a expansão das vendas online tem dificultado a percepção dos consumidores sobre a legalidade dos produtos adquiridos. Ele destacou que antigamente, o mercado ilegal estava restrito a determinadas áreas das cidades, o que tornava mais evidente a natureza ilegal dos produtos.
Para o ano de 2024, a Abinee estima que o governo federal deixe de arrecadar cerca de R$ 4 bilhões em função da evasão fiscal relacionada aos aparelhos irregulares. Além disso, os riscos associados à compra desses dispositivos vão além da possibilidade de mau funcionamento e quebras. A falta de certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) significa que esses aparelhos não possuem garantia dos fabricantes, assistência técnica ou adequação às normas de segurança e funcionamento.
O docente da Estácio e engenheiro em Telecomunicações, Sérgio Rocha Lima, ressaltou a importância dos consumidores ficarem atentos na hora da compra ou troca de celulares, evitando adquirir produtos irregulares que podem causar problemas legais. Identificar um aparelho irregular é fundamental, sendo recomendado conferir se o IMEI do dispositivo está regular, através da nota fiscal, caixa original do celular ou usando a *#06# no próprio aparelho.
Portanto, diante do aumento no número de aparelhos irregulares no mercado brasileiro e dos riscos associados a essas compras, é essencial que os consumidores estejam atentos e tomem as devidas precauções na hora de adquirir um novo celular. A conscientização sobre a importância de comprar produtos legalizados e certificados é fundamental para evitar problemas futuros e garantir a segurança e a qualidade do dispositivo adquirido.