Contrabando de celulares no Brasil dobra em apenas um ano, mostra pesquisa
Canaltech, Terra/Byte, Jornal Floripa - 04/04/2024

Uma nova pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostrou que a quantidade de celulares contrabandeados vendidos no Brasil dobrou entre os anos de 2022 e 2023. Entidades da indústria atribuem este aumento à atuação das principais plataformas de marketplace, e indicam que o dado pode representar uma ameaça à produção nacional.

Abinee atribui aumento do contrabando à ação dos marketplaces (Imagem: RoseBox/Unsplash)

Abinee atribui aumento do contrabando à ação dos marketplaces (Imagem: RoseBox/Unsplash)
Foto: Canaltech

Os dados mostram que foram cerca de 6,2 milhões de unidades ilegais comercializadas no país durante o ano passado, em comparação com aproximadamente 3 milhões registrados em 2022.

Além disso, a proporção de aparelhos contrabandeados no Brasil aumentou de forma expressiva em cada trimestre do ano passado, que começou com 9% entre os meses de janeiro e março. A porcentagem cresceu para 11% e 17% no trimestre seguinte, até chegar a 25% nos últimos meses de 2023.  

De acordo com a Abinee, uma prática que era realizada especialmente em marketplaces maiores, como a Amazon e o Mercado Livre, passou a ser registrada de forma generalizada. Isso ocorreu devido ao sucesso desse tipo de operação, como afirmou o diretor de dispositivos móveis da Associação, Luiz Cláudio Carneiro:

"Como eles [os grandes marketplaces] continuam a impulsionar de forma ostensiva os telefones contrabandeados, os outros marketplaces se viram em situação de perda total de mercado e reabriram para telefones irregulares."

Carneiro ainda alerta que, dado o movimento exponencial registrado no ano passado, a tendência é que a proporção aumente para até 30 ou 35% de modelos contrabandeados em 2024. 

Impactos na economia nacional
A Abinee ainda indicou que o foco deste mercado está nos modelos de preço mais baixo, e com entrada principalmente pelo Paraguai. Estes aparelhos são comercializados por preços na faixa de R$ 1 mil a R$ 1,3 mil, sendo que seu preço de mercado interno fica em torno de R$ 2 mil, em unidades legítimas que recolhem impostos.

No agregado, estima-se que o preço dos aparelhos contrabandeados esteja 38% abaixo do mercado oficial. A perda de arrecadação nacional pode chegar a R$ 4 bilhões — R$ 1 bilhão somente no estado de São Paulo. 

Portanto, as perdas podem levar a uma redução próxima a R$ 400 milhões nos investimentos relacionados à Pesquisa e Desenvolvimento. Além disso, o impacto pode atingir 10 mil postos de trabalho diretos ou indiretos, segundo a Abinee.