Venda de celulares ilegais salta 77% no Brasil: entenda os riscos
Investe Hoje - 28/03/2024

O aumento alarmante nas vendas de celulares ilegais no Brasil se tornou um tópico dominante nas discussões sobre a saúde do mercado de telecomunicações no país. Em 2023, um salto de 77% na comercialização desses produtos trouxe à tona questões importantes sobre segurança, economia e integridade do setor. Mas por que essa elevação tão significativa, e quais são os riscos envolvidos? Vamos mergulhar neste assunto complexo, esclarecendo os pontos críticos e suas implicações para consumidores e o mercado como um todo.

Um crescimento preocupante
De acordo com a Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), as vendas de celulares contrabandeados no Brasil saltaram de 3,5 milhões de unidades em 2022 para impressionantes 6,2 milhões em 2023. Esse aumento resultou em um crescimento da participação desses produtos irregulares de 8% para 25% nas vendas totais de dispositivos móveis, apontando uma tendência alarmante de disseminação no mercado.

O acesso facilitado e o preço atrativo
A facilidade em encontrar esses dispositivos em marketplaces e a diferença de preço significativa, cerca de 38% mais baratos que os produtos regularizados, contribuem fortemente para este fenômeno. A Abinee estima que 90% dos smartphones contrabandeados são vendidos através dessas plataformas online, onde, sem muita dificuldade, os consumidores conseguem acessar uma vasta seleção de produtos não homologados.

Consequências que vão além da economia
Origem dos aparelhos: Destaca-se o Paraguai como principal fornecedor desses celulares ilegais. A quantidade importada por este país é desproporcional à sua população, indicando claramente sua redistribuição, principalmente para o Brasil. A fiscalização precária na fronteira permite que essa prática continue a prosperar.
Impacto na segurança e na qualidade: A ausência de certificação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) coloca os usuários em risco, não apenas pelo mal funcionamento em frequências de sinal 4G e 5G no Brasil, mas também por não atender a requisitos elétricos de segurança. Acidentes, principalmente envolvendo carregadores fora do padrão, são uma preocupação real.
Perda para a economia: A comercialização desses 6,2 milhões de aparelhos resultou em uma perda estimada de R$ 4 bilhões em impostos federais para o governo brasileiro, sem contar os impostos estaduais, como o ICMS. Além disso, os empregos no país estão em risco. A redução na produção local, em função da competição desleal com produtos ilegais, ameaça diminuir o quadro de funcionários e até mesmo levar ao fechamento de fábricas.
A discussão aberta pela Abinee sobre a crescente prevalência de celulares ilegais no Brasil toca em pontos críticos relacionados à segurança dos consumidores, à saúde econômica do setor e ao futuro dos empregos no país. Enquanto as vendas continuam a escalar, medidas efetivas por parte de marketplaces e autoridades se fazem urgentes para conter essa tendência perturbadora e restaurar a integridade do mercado de telecomunicações no Brasil.