Um quarto dos celulares vendidos no Brasil é irregular, diz Abinee
Jornal Extra de Alagoas - 27/03/2024

O volume de celulares vendidos ilegalmente no Brasil mais que dobrou em apenas um ano, e pode manter trajetória ascendente caso nada seja feito, disseram representantes da associação de fabricantes de produtos eletroeletrônicos (Abinee) nesta terça-feira.

Segundo a entidade, que representa fabricantes como Samsung, Apple e Motorola, foram 6,2 milhões de telefones vendidos sem o devido recolhimento de impostos em 2023. Isso representa um crescimento de 77%, uma vez que esse número era de 3,5 milhões de unidades em 2022.

Comentando o assunto, o presidente da Abinee, Humberto Barbato, classificou esses dados como preocupantes, exigindo uma ação do governo. É "crescente o número de celulares que têm entrado via contrabando no Brasil. Os números são assustadores. Nesse ritmo, os celulares irregulares podem chegar a 30% de participação nas vendas neste primeiro semestre", diz Barbato.

Segundo dados divulgados pela entidade, a quantidade de aparelhos ilegais passou de 10% do mercado total de telefones celulares no Brasil em 2022 para 25% no último trimestre de 2023, fechando o ano com um total de 6,2 milhões de unidades vendidas de forma ilegal no país.

A quantidade de celulares que o Paraguai importou no ano passado é desproporcional à sua população. Quando se vê notícia de apreensão de carga com mil aparelhos, é só uma gota d’água no oceano. Ao todo, foram 16,7 milhões de aparelhos importados no país vizinho, enquanto a população paraguaia é de apenas 6,7 milhões, o que evidencia a redistribuição para outros países, principalmente o Brasil.

"O problema é que o modelo de venda dos marketplaces facilita a venda de produtos irregulares, uma vez que um site abarca diferentes vendedores, e muitos deles agem na ilegalidade", afirmou, sem citar nomes de locais de venda. A entidade defendeu que somente uma fiscalização efetiva dos marketplaces será capaz de coibir a prática irregular.

"Precisamos de ações mais enérgicas por parte do governo para coibir esta prática", acrescentou Barbato em nota. A Abinee estima que em 2024 o governo federal deixará de arrecadar 4 bilhões de reais em função da evasão fiscal.