Segundo associação, um em cada quatro celulares vendidos no país em 2023 era contrabandeado
Tribuna Feirense - 26/03/2024

Uma pesquisa revelada nesta terça-feira (26) pela Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) indicou um aumento significativo nas vendas de celulares contrabandeados no Brasil durante 2023. Os números saltaram 77% em comparação com o ano anterior, subindo de 3,5 milhões de unidades em 2022 para 6,2 milhões no período mencionado. Esta porcentagem representa uma fatia de 8% do mercado total de vendas no final de 2022, alcançando alarmantes 25% até o final de 2023, um crescimento considerado preocupante.

"É evidente o crescimento no influxo de celulares contrabandeados para o Brasil. Os dados são preocupantes", destacou o presidente da Abinee, Humberto Barbato, durante uma coletiva de imprensa. Ele alertou que, seguindo esse ritmo, os celulares irregulares poderiam representar até 30% das vendas no primeiro semestre.

A Abinee estima que cerca de 90% das vendas de smartphones contrabandeados ocorram por meio de marketplaces. Um fator relevante é o preço atrativo, que chega a ser cerca de 38% menor do que o de aparelhos regularizados. O presidente da associação evitou mencionar nomes, mas observou que todos os principais sites de comércio eletrônico estão envolvidos nessa prática. "Até o ano anterior, a situação estava mais contida, com apenas alguns sites se envolvendo devido à pressão da indústria e das autoridades. Entretanto, nos meses seguintes, os demais sites perceberam que estavam perdendo vendas e optaram por ignorar essa prática", explicou Barbato.

"Vários marketplaces voltaram a comercializar produtos não homologados. Atualmente, estamos evitando fazer acusações diretas, pois, infelizmente, isso se tornou generalizado. Eles perderam negócios e não viram esforços significativos para frear a venda de produtos irregulares", acrescentou. O representante da Abinee cobrou a implementação de medidas eficazes para responsabilizar os marketplaces.

Quanto à origem dos aparelhos contrabandeados, o Paraguai é apontado como o principal país de origem, segundo a Abinee. "O volume de celulares importados pelo Paraguai no ano passado é desproporcional à sua população", ressaltou Barbato. Foram importados 16,7 milhões de aparelhos no país vizinho, enquanto a população paraguaia é de apenas 6,7 milhões, evidenciando uma redistribuição para outros países, principalmente o Brasil.

"A fiscalização na fronteira não está sendo suficiente para combater esse grave problema", alertou o presidente da Abinee. "Quando vemos notícias de apreensão de cargas com milhares de aparelhos, isso representa apenas uma pequena parte do problema", comparou. Os smartphones da Xiaomi foram apontados como os mais contrabandeados pela associação. Mais recentemente, as marcas Oppo e Realme também têm ganhado espaço no mercado irregularmente.