Setor eletroeletrônico de Minas Gerais está em pleno crescimento
Diário do Comércio/MG - Michelle Valverde - 15/03/2024

A indústria de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares de Minas Gerais encerrou 2023 com alta de 2,5% no faturamento. O resultado ficou bem acima do setor nacional, que ao contrário do Estado teve o faturamento reduzido em 6% frente a 2022, alcançando, assim, R$ 204 bilhões. O diferencial mineiro são os produtos e o polo produtivo de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, onde a demanda se manteve em alta em 2023.

A tendência é que o setor siga com o desempenho favorável também em 2024. Considerando os primeiros dois meses do ano, a alta ficou em cerca de 8% em cada mês. 

Conforme o presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees) e diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee-MG), Alexandre Magno D’assunção Freitas, o desempenho favorável de Minas se deve à produção diferenciada do Estado.

“O setor eletroeletrônico mineiro tem algumas especificidades, como a região de Santa Rita do Sapucaí, que tem uma produção industrial muito significativa no que tange a produtos eletrônicos e estes produtos tiveram aumento de vendas significativas”.

Ainda segundo Freitas, o resultado do Estado também foi favorecido pela demanda da área elétrica, na produção de transformadores, equipamentos para geração, transmissão e distribuição de energia. A energia solar é outro fator que fez com que a produção mineira tivesse esse diferencial frente ao Brasil.

No ano passado, o desempenho negativo no Brasil foi provocado pela demanda enfraquecida, uma vez que durante a pandemia foram muitos os investimentos em equipamentos eletroeletrônicos para a realização de trabalhos, treinamentos e estudos remotos. Também pesaram nos resultados os juros elevados e o crédito mais caro.

Setor de eletroeletrônico de Minas Gerais cresce no primeiro bimestre
Para 2024, a tendência é que o índice de crescimento do setor eletroeletrônico de Minas Gerais se mantenha em patamares acima do nível brasileiro. Conforme Freitas, nos dois primeiros meses do ano, a alta registrada no faturamento do setor eletroeletrônico, em Minas Gerais, foi de 8% em janeiro e de 8,5% em fevereiro, se comparado com iguais meses de 2023.

Assim, caso a demanda siga aquecida, a estimativa para o ano é que o faturamento do setor avance cerca de 6% sobre 2023. No País, a alta deve ficar entre 3% e 3,5%.

“Estamos com uma perspectiva muito boa também vinda do mercado norte-americano. O país não está comprando mais como comprava dos países asiáticos por problemas políticos. Assim, a aquisição dos eletroeletrônicos migrou para o Brasil. Os empresários mineiros estão aproveitando o momento. As vendas para os Estados Unidos estão trazendo um faturamento para o setor elétrico mineiro”, disse Freitas.

Mercado externo
Com a demanda dos Estados Unidos aquecida, Freitas explica que boa parte da produção mineira de transformadores está contratada para ser enviada àquele país.

“Em algumas fábricas, mais de 70% do faturamento de transformadores é gerado com as vendas para os EUA. Então, a indústria elétrica de Minas está ganhando, novamente, o mercado norte-americano. Isso vai fazer com que nossa economia e faturamento cresçam em 2024”.

Conforme Freitas, de 2022 para 2023, as exportações do setor eletroeletrônico em Minas Gerais cresceram expressivamente em alguns produtos. No caso de itens voltados para a automação industrial, a alta ficou em 34%. Em materiais para geração, transmissão e distribuição de energia a elevação foi de 33% e, em material elétrico, de  24%.

“O mercado externo está consumindo mais, então, as nossas empresas que estão aptas a fornecer aproveitam a oportunidade”, completa. 

Gargalo
Um dos principais pontos que tem despertado a atenção dos empresários do setor é a falta de mão de obra qualificada. O gargalo trava um crescimento maior do setor. Conforme Freitas, grande parte das indústrias eletroeletrônicas do Estado estão com vagas abertas, mas não há profissionais. 

“A grande maioria das indústrias tem vagas e não tem profissional para preencher. Acredito que em um curto espaço de tempo isso poderá prejudicar ainda mais o setor e também a evolução da economia do Estado. Apesar de termos base e formação de mão de obra muito boa no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a oferta é muito menor que a demanda. Com toda certeza, 90% da indústria mineira tem vaga. Talvez seja a hora do País repensar a política assistencial e investir na educação e formação de mão de obra”.