A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) publicou uma pesquisa que revelou que o mercado brasileiro já soma 25% de celulares irregulares.
Segundo a entidade, que representa fabricantes como Samsung, Apple e Motorola, foram 6,2 milhões de telefones vendidos sem o devido recolhimento de impostos em 2023. Isso representa um crescimento de 77%, uma vez que esse número era de 3,5 milhões de unidades em 2022.
Comentando o assunto, o presidente da Abinee, Humberto Barbato, classificou esses dados como preocupantes, exigindo uma ação do governo.
É crescente o número de celulares que têm entrado via contrabando no Brasil. Os números são assustadores. Nesse ritmo, os celulares irregulares podem chegar a 30% de participação nas vendas neste primeiro semestre.
Barbato também disse que a maior parte dos smartphones contrabandeados entram no país via fronteira com o Paraguai.
A quantidade de celulares que o Paraguai importou no ano passado é desproporcional à sua população. Quando se vê notícia de apreensão de carga com mil aparelhos, é só uma gota d’água no oceano.
Ao todo, foram 16,7 milhões de aparelhos importados no país vizinho, enquanto a população paraguaia é de apenas 6,7 milhões, o que evidencia a redistribuição para outros países, principalmente o Brasil.
O Redmi Note 12, da Xiaomi, foi o smartphone mais popular no "mercado cinza" e ele é vendido nos marketplaces com desconto que chega a ser de até 50% em relação ao preço oficial.
Produtos da Realme e OPPO também estão ganhando popularidade entre o público brasileiro.
Distribuição via marketplaces
A Abinee também destaca que a "explosão" no consumo de aparelhos contrabandeados está relacionada à facilidade de achá-los nos marketplaces, uma vez que 90% da venda desses smartphones acontece online.
Isso porque o preço é atrativo, custando 38% a menos que um aparelho regularizado.
Vários marketplaces voltaram a fazer a comercialização de produtos não homologados. Hoje, estamos evitando falar nomes porque, lamentavelmente, é uma coisa feita de forma generalizada. Eles perderam negócios e não viram nada de efetivo em tolher as vendas de produtos irregulares.
O principal problema dos aparelhos irregulares é que eles não possuem certificação da Anatel, sendo que as fabricantes também não oferecem garantia local. Além disso, há uma considerável perda de arrecadação federal, podendo chegar a R$ 4 bilhões.
Outra consequência danosa ao país é a redução da produção local de smartphones, resultando em menos empregos.